O dia 29 de maio representou uma surpresa positiva para todo o movimento dos trabalhadores — apesar da falta de convocação e na tentativa de setores da esquerda pequeno-burguesa de frear a mobilização, o povo saiu às ruas por todo o País e mostrou o tamanho de sua insatisfação com o governo Bolsonaro e com o regime golpista de conjunto. Foi um marco que expôs a farsa da política do “fique em casa” e demonstrou a tendência de mobilização da população.
Da mesma forma, o dia 19 de junho foi uma confirmação de qual deve ser a política a ser seguida pela esquerda no momento. Tendo contado com cerca de 750 mil pessoas nas ruas, os atos ocorreram em 425 cidades brasileiras e 50 cidades no exterior. Isso demonstra a existência de uma tendência forte à mobilização da população, seguindo as tendências presentes em toda a América Latina. No Brasil essa tendência é mais evidente e inclusive necessária a cada dia que passa.
A nova data escolhida foi o dia 24 de julho. Dito isso, é necessário que, diferentemente das últimas vezes, a esquerda de conjunto faça uma ampla convocação para que este ato supere em diversas vezes os anteriores. É preciso que essa convocação seja feita diariamente nas ruas, nos bairros, nas fábricas, nos metrôs e pontos de ônibus, e que a população compareça em peso na mobilização.
A palavra de ordem principal das manifestações deve ser o Fora Bolsonaro e todos os golpistas, além das exigências de Lula candidato e Lula presidente, tudo isso em conjunto com as diversas reivindicações dos trabalhadores. Os professores e alunos devem organizar uma greve geral contra a política assassina de volta às aulas de Bolsonaro e de governadores como Doria, Castro, Zema, Leite etc. — Já os trabalhadores de empresas como Correios e Eletrobrás precisam urgentemente se mobilizar contra as privatizações destas empresas e contra seu sucateamento.
No mesmo caminho dos exemplos acima, também é preciso levantar palavras de ordem gerais, a exemplo de reivindicações pelo direito de um auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo, por vacinas para todos e pela quebra de patentes, direitos muito importantes considerando a atual situação da população trabalhadora no país frente aos incansáveis ataques da burguesia e do imperialismo.
Todas estas palavras de ordem devem entrar na pauta da esquerda. É também importante que deixemos bem claro que esta manifestação é do povo e a ele portanto pertence, rejeitando toda e qualquer forma de tentativa de invasão ou sequestro pela direita, assim como aconteceu em 2013. É preciso deixar claro que o caráter da manifestação é bem definido e que esta não vai parar até a queda de Bolsonaro.
Nesse mesmo sentido, é preciso rejeitar por completo os elementos da direita. Está em pauta novamente, tanto entre a esquerda pequeno-burguesa quanto na imprensa golpista, a questão dos “resgates dos símbolos nacionais” — seria necessário que a esquerda deixasse o vermelho de lado enquanto adota (“resgata”) símbolos como a bandeira do Brasil, o verde e amarelo e o hino nacional. Enquanto a esquerda fala que estes símbolos “não podem ser monopólios da direita”, a imprensa afirma que os atos não são devem ser apenas da esquerda mas sim de “todos aqueles que se propõem a seguir pelo caminho do anti-bolsonarismo”.
É importante frisar que este discurso descrito acima é uma armadilha canalha e perigosa mas, apesar disso, uma armadilha antiga. Ela foi presenciada durante os atos de 2013, os quais foram sequestrados pela direita após diversas manobras do mesmo estilo, e que levaram ao golpe de estado, à prisão do Lula, à fraude que elegeu Bolsonaro e ao cenário de desgraça que vivemos atualmente.
Agora a imprensa começa novamente a martelar a “necessidade de que o Fora Bolsonaro seja uma manifestação de todo campo democrático” — ou seja, a necessidade de infiltrar elementos de direita golpista como o MBL ou os partidos da direita tradicional como PSDB e DEM para que não se perca o controle sobre a situação e o povo se insurja contra Bolsonaro e todos os golpistas, inclusive os próprios elementos citados acima.
A introdução do verde e amarelo nas manifestações — sobretudo na forma de bandeiras, assim como presenciamos no ato do dia 29 de junho — é uma brecha para a infiltração da direita, sendo também uma forma de confundir a população sobre o verdadeiro caráter da manifestação. Isso acontece porque, ao presenciar a combatividade e a disposição à mobilização, a direita percebeu que está à beira da perda do controle da situação política, o que poderia fazer com que o Brasil seguisse os passos de seus vizinhos nas mobilizações constantes e aguerridas.
As manifestações que ocorreram foram (e são!) manifestações da esquerda, da população pobre e trabalhadora do País. São, portanto, manifestações vermelhas. O vermelho é a verdadeira cor do povo e é a cor que deve predominar em todas as manifestações que ainda estão por vir. Quem deve convocar e tomar a linha de frente das mobilizações são os partidos de esquerda, os sindicatos, o movimento estudantil e as organizações populares.
Por isso o caminho da vitória é reforçar o caráter vermelho e de esquerda das manifestações. É necessário que todos vistam suas camisas vermelhas, peguem suas bandeiras da mesma cor, e transformem os atos do dia 24 de julho em grandes atos vermelhos. O Partido da Causa Operária convida toda população, todos os movimentos, organizações e partidos de esquerda a se juntar ao bloco vermelho, tão expressivo e significativo nos atos anteriores, formando uma grande manifestação de esquerda pelo Fora Bolsonaro.