Entre as figuras que aparecem nos “santinhos” do PSOL há muitos negros, LGBTs e mulheres “empoderadas”, algo natural em um partido cuja propaganda está voltada para a demagogia. Para o PSOL, o socialismo e a liberdade, sim, como se fossem duas coisas distintas, são alcançados com a política do identitarismo. Na verdade, para alcançar o máximo de sucesso possível na eleição de seus candidatos e, portanto, alcançar o objetivo individual do maior número possível de candidatos, o PSOL diz que quanto mais dessas figuras carreiristas eleitas, melhor para todos. O PSOL é um partido tipicamente pequeno-burguês, uma verdadeira colcha de retalhos.
Nas eleições de 2020 para prefeito e vereador, o PSOL lançou um candidato a vereador em Duque de Caxias: um jovem, professor, negro e evangélico. Tudo ia muito bem em mais uma tentativa de emplacar um indivíduo que ergueria uma carreira política a partir de um município importante do segundo estado do país, quando revelou-se que ninguém menos ultra-neoliberal que Armínio Fraga – presidente do Banco Central no governo FHC – havia doado 30 mil reais à candidatura do jovem. Além do dinheiro de Fraga, também houve dinheiro dos herdeiros do Banco Itaú na campanha de Wesley.
Armínio Fraga em 1999 conseguiu a proeza de terminar aquele ano com uma taxa de juros de 45% enquanto o país estava estagnado, o que significou um ganho absurdo dos rentistas e especuladores financeiros às custas da pobreza da maior parte da população. O economista burguês é um defensor ferrenho da chamada “austeridade fiscal” que nada mais é do que o esfolamento da população para enriquecer banqueiros e grandes capitalistas.
Na época, a candidatura de Wesley gerou muito desconforto e reclamações dentro do próprio partido, algo que foi devidamente controlado com apoio de Marcelo Freixo e Guilherme Boulos ao financiamento burguês da candidatura. Para a defesa, usou-se a justificativa da “Frente Ampla”, ou seja, justifica-se uma aliança com pessoas que divirjam do “mal maior” fascista do momento. Pensando assim, torna-se justificável o financiamento da campanha eleitoral por um banqueiro se isso servir para combater a “barbárie”.
Trata-se de um completo absurdo que é usado para justificar interesses mesquinhos e individuais em detrimento do bem comum, porque um candidato financiado por banqueiros jamais irá exercer uma política contrária aos abutres da economia do povo que o financiaram. À época, Wesley declarou o seguinte, tentando justificar o recebimento do dinheiro: “
Nesse processo, nós não rebaixamos o nosso programa. A gente não negociou nada. Nós dissemos (aos doadores) exatamente o que nós acreditamos”
O problema é que ninguém recebe dinheiro de um capitalista sem que este exija o retorno do seu investimento. A política de financiar políticos direitistas dentro de partidos de esquerda é claramente uma tentativa da burguesia de implodir qualquer movimento à esquerda, aumentando a influência desses direitistas dentro dos partidos. Portanto, a própria campanha já serviu para o aumento de influência dos políticos direitistas dentro do PSOL, fortalecendo a política de “Frente Ampla”.
Sabendo de tudo isso, cabe à esquerda combater qualquer tentativa de influência capitalista e direitista dentro dos seus partidos. Não podemos ceder às ilusões de que qualquer aliança trará benefícios na luta por um bem comum. Não existe nada em comum entre a esquerda e essa direita que pariu o fascismo e que o apoiará quando a situação exigir uma posição definitiva. Armínio Fraga é pai do bolsonarismo e, por mais que pareça um ser humano normal, coisa que Bolsonaro não consegue fazer, trata-se de um inimigo da classe operária mais poderoso que o bolsonarismo.
O movimento de hoje contra Bolsonaro deve ser vermelho, deve se afastar do verde-amarelo direitista e precisa estar claramente alinhado aos interesses do povo.