Há uma forte tendência à mobilização. Ela foi expressa nitidamente nos grandes atos por Fora Bolsonaro, vacinação para todos e auxílio emergencial digno que levaram centenas de milhares às ruas do País no último sábado (19).
Já se começa a perceber uma presença maior de membros da classe operária, mesmo sem grande convocação por parte dos sindicatos. Muitos trabalhadores da periferia estiveram presentes, demonstrando que querem participar e ser protagonistas.
É preciso levar a convocação dos próximos atos para os bairros operários e para dentro dos sindicatos, com agitações nas portas de fábricas e assembleias debatendo sobre as manifestações.
Uma parcela da esquerda vem dizendo que é preciso se aliar ao chamado “centro democrático” (PSDB, DEM, MDB, PDT, PSB) para unir forças contra Bolsonaro. Mas as manifestações deixaram a pergunta: qual o papel desses “aliados” na luta concreta por Fora Bolsonaro? As bandeiras de alguns desses partidos que apareceram isoladamente em alguns desses atos servem apenas para confundir e sabotar as manifestações, para que a direita acabe com o movimento. Porque esses partidos e políticos não movem uma palha sequer para mobilizar o povo. Não havia Rodrigo Maia, FHC, Ciro Gomes nos atos. Nem queremos! O povo sabe que eles não são seus aliados, mas sim seus inimigos.
Os atos demonstraram que o povo repudia categoricamente a pretensão da direita e da burguesia em dirigir o País. A burguesia quer um candidato alternativo a Bolsonaro, mas onde está a popularidade desse candidato?
Quem saiu às ruas foi a esquerda. Os atos demonstraram a ficção que é o centro político, do ponto de vista do apoio popular. De um lado, Bolsonaro consegue, com todo o aparato governamental e as bases fascistas, levar alguns milhares às ruas em suas manifestações. De outro, encontra como contraponto as centenas de milhares de manifestantes nos atos da esquerda. Onde estão os apoiadores do centrão? Não há manifestações de partidários de Doria, de Maia, de Ciro. Porque não têm apoio popular.
A direita tradicional não chama uma manifestação dela porque ela não tem mais base social. Os atos seriam uma vergonha histórica. Os coxinhatos pelo impeachment de Dilma, última expressão de poder da direita (embora com todo o dinheiro e aparelho estatal) foram todos canalizados por Bolsonaro.
O cenário de manifestações mostra uma vez mais que o País está dividido entre a esquerda e a extrema-direita (esta última, apoiada inclusive por uma boa parte da direita).
É justamente por isso que a burguesia tenta, ainda de maneira um tanto inglória, inserir nas manifestações uma política direitista, trocando o Fora Bolsonaro pelo impeachment, as reivindicações populares concretas de vacina, auxílio e emprego por idiotices abstratas como “ciência” versus “negacionismo” e, acima de tudo, a famigerada bandeira do Brasil com suas cores verde e amarela bolsonaristas.
Isso é acompanhado da propaganda da imprensa burguesa que diz que a esquerda está dominando os atos, o que favoreceria Bolsonaro. Uma tentativa de manobrar para, ao mesmo tempo em que controla o movimento, enfraquece a esquerda e tenta ressuscitar as múmias do centrão.
É preciso colocar uma pá de cal sobre o caixão da direita. Imediatamente, convocar um novo ato, em que todos os partidos da esquerda levem suas bandeiras, bandeiras vermelhas – nada de verde e amarelo! Levem suas faixas vermelhas com as reivindicações concretas do povo, vão uniformizados como militantes partidários de esquerda, dos movimentos populares como o MST e a CMP, com os coletes vermelhos da CUT.
Nada de “terceira via”. Isso é uma cilada da direita golpista. Lutar por uma saída dos trabalhadores, que eleitoralmente é expressa somente pela candidatura do ex-presidente Lula. Radicalizar e corar os atos de vermelho, a cor da luta dos trabalhadores.