O segundo turno das eleições nacionais peruanas foi realizado no dia 06 de junho e se encontra na reta final. Com 99.8% das urnas apuradas até o fechamento desta matéria, o candidato da esquerda, Pedro Castillo (Peru Libre), está com 50.2% dos votos, enquanto a candidata de extrema-direita, Keiko Fujimori (Fuerza Popular), filha do ditador fascista Alberto Fujimori, conta com 49.8%.
Nessa etapa final da contagem dos votos a vitória de Castillo parece cada vez mais próxima e o próprio candidato já anunciou sua vitória. Entretanto, como parte da campanha que a burguesia tem feito contra a vitória da esquerda, surgiram cerca de 300 mil votos que foram contestados e precisariam de dias para serem analisados por um júri eleitoral.
Essa é só mais uma das diversas atitudes tomadas pela burguesia para tentar impedir a vitória de Castillo. Denúncias de fraude eleitoral surgem dos dois lados, sobretudo com a contagem dos votos internacionais, que estão levando um tempo absurdamente maior para serem contabilizados quando comparados aos votos nacionais.
De fato, existem indícios de fraude, mas, ao contrário do que diz Fujimori, a fraude é contra Castillo e a favor da candidata da extrema-direita. A burguesia está provando que não irá tolerar um governo minimamente nacionalista de esquerda e que sua política neoliberal e de esmagamento da população deve ser aplicada a qualquer custo.
No início da contagem de votos do segundo turno, Castillo começou com onze pontos à frente de Fujimori, que logo o alcançou, fenômeno que foi retratado pela imprensa burguesa como uma “perda de popularidade”, dando margem para uma série de ataques contra o candidato do Peru Libre, que duram até o presente momento. Os ataques foram utilizados como base para justificar tal manipulação e se intensificam à medida que a divulgação final dos votos se aproxima.
A burguesia e o imperialismo de conjunto apoiam Keiko Fujimori mesmo sendo ela uma fascista, demonstrando a hipocrisia demagógica da “democracia” imperialista. No final da corrida eleitoral, Castillo acabou mudando seu discurso e transformando suas declarações em propostas mais conciliadoras, o que inclui falas relacionadas a “respeitar as instituições”, a “respeitar a Constituição” e para “deixar de lado as diferenças” — nem por isso a campanha negativa da imprensa burguesa diminuiu, provando que não existe nenhuma mínima intenção de permitir que um governo de esquerda moderado como o de Castillo seja implantado, por mais direitistas que possam ser algumas de suas posições.
O país, assim como a América Latina de modo geral, se encontra em uma crise política intensa, o que acaba por se juntar com a crise econômica e a crise sanitária. A polarização no Peru é evidente e a fraude é muito provável, o que faz com que seja preciso ressaltar que, mesmo com uma eventual vitória de Castillo, ainda existem diversos impeditivos para um governo popular, inclusive a possibilidade de um golpe de Estado posterior e por outros meios — algo que só pode ser efetivamente resolvido com a mobilização da população.