Hoje ocorrem as eleições no Peru, opondo, por um lado, a candidata de extrema direita e filha do ditador Alberto Fujimori, Keiko Fujimore, e, por outro lado, o candidato surpresa Pedro Castillo, que apresenta inclinações à esquerda, mesmo com muitas posições direitistas.
Acontece que, por mais moderado que seja Pedro Castillo, ao contrário do que demonstra as análises da esquerda pequeno-burguesa que o considera “radical” e até “marxista”, a burguesia demonstra não querer o mínimo de inclinação para o lado dos trabalhadores no país.
A chance de que haja um golpe de estado é muito grande no Peru. Keiko Fjimori não goza de grande popularidade, justamente pela política de extrema direita levada a diante por seu pai na década de 90. Ainda assim, a burguesia tradicional e neoliberal do país, dita “democrática” por setores confusos da esquerda, está apoiando sua candidatura para que Castillo não vença as eleições.
Além da imensa falsificação presente nos meios de comunicação peruanos da burguesia, que controlam praticamente toda a circulação de informações no país, a candidatura de Keiko Fujimori ganhou recentemente o apoio de Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de literatura em 2010.
Vargas Llosa servia como uma espécie de Fernando Henrique Cardoso do Peru durante a década de 90, aparecendo como a “direita democrática”, neoliberal e contrária à ditadura de Fujimori. No entanto, diante da chance de que a esquerda chegue ao governo peruano, essa mesma direita corre para à extrema direita e abandona qualquer roupagem democrática que possuía antes.
Além disso, as pesquisas que antes indicavam que Castillo venceria com folga Keiko Fujimori, agora mostram um empate técnico, com uma ligeira vantagem de 1% a Pedro Castillo. Não é demais lembrar que essas pesquisas são manipuladas pela burguesia e que é bem provável que Keiko Fujimori não tenha o número de votos apresentados.
Todo esse panorama demonstra que há a grande possibilidade de que haja uma fraude eleitoral por parte da burguesia nas eleições peruanas e que seu resultado traga a vitória de Fujimori, sendo, então, mais uma das etapas do processo de golpes de estado na América Latina.
Mesmo que Castillo vença, é muito provável que o golpe de Estado venha de outra maneira. Como ocorreu nos casos de Dilma no Brasil e Evo Morales na Bolívia.
A única maneira de afastar a possibilidade de um golpe de estado e garantir uma vitória popular está na mobilização do povo contra a burguesia e o golpe de estado, nas ruas.