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FHC também é genocida

Lula e o desenterro dos cadáveres políticos da direita

O almoço com “muita democracia” no cardápio

Ganhou enorme repercussão, tanto na imprensa burguesa quanto na mídia esquerdista, o encontro entre o personagem mais popular da política popular no Brasil e um que figura entre os mais odiados pelo povo. O encontro foi articulado pelo ex-ministro Nelson Jobim, que fez parte dos governos do PSDB e do PT, o mesmo que durante o golpe de 2016 admitiu prestar orientações sobre como funcionava um processo de impeachment aos golpistas do congresso.

O episódio ocorre em meio à CPI da Covid, que, como já descrevemos neste Diário, é a etapa mais atual da tentativa dos setores mais poderosos da burguesia em emplacar uma candidatura alternativa a Bolsonaro para 2022. Enquanto parte da esquerda se ilude com os bandoleiros do congresso nacional, a burguesia atua com um sentido muito mais prático. Bolsonaro foi alçado ao poder pela burguesia justamente diante da gigantesca impopularidade dos seus representantes mais “puro sangue”, como Geraldo Alckmin em 2018.

Da parte da esquerda pequeno-burguesa partiram duas vertentes principais. Uma fantasiosa, que insinua que a suposta aliança entre Lula (PT) e FHC (PSDB) serviria a um combate ao fascismo bolsonarista. A outra, cínica, propõe que Lula e o PT estão na mão dos tucanos e por isso sua candidatura não deve ser apoiada pela esquerda.

Fernando Henrique “Privatização” Cardoso

Muita gente se esquece de quem é e o que representa a figura nefasta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, menos a classe trabalhadora. O antigo esquerdista universitário foi escolhido para liderar o golpe eleitoral contra Lula em 1994 e se mostrou um feroz instrumento da burguesia internacional e sua política neoliberal. A destruição econômica produzida nos seus dois governos não encontra equivalente nem nos governos anteriores nem nos governos golpistas dos últimos anos.

A equiparação artificial ao dólar, muito aproveitada na campanha de propaganda em torno do Plano Real, resultou na destruição de grande parte da indústria nacional. Foi ainda a preparação econômica para a avassaladora onda de privatizações na segunda metade da década de 1990, conhecida como “privataria tucana”. A entrega de patrimônio nacional de mão beijada para os capitalistas envolveu empresas gigantescas como a Telebrás, que havia recebido 21 bilhões de reais de investimentos nos anos anteriores, e a Vale do Rio Doce, ambas com dinheiro em caixa. Na venda da Vale até as reservas minerais entraram no pacote.

O saldo dessa empreitada envolve pelo menos meio milhão de desempregados, a destruição da camada mais especializada e melhor remunerada da classe operária e algo em torno de 60 milhões de brasileiros passando fome. Muito mais gente morreu de fome pela política de FHC do que de Covid pelo negacionismo de Bolsonaro, ambos são genocidas.

A obra política de FHC rendeu a ele o completo desprezo do povo brasileiro, tanto é que nunca mais concorreu a nada por aqui. Mesmo com todo o espaço que tem nos monopólios da imprensa, não tem influência política para alavancar os candidatos do PSDB nesse momento de crise do regime político. É uma espécie de negativo do ex-presidente Lula, acusado, condenado, preso e ainda assim extremamente popular. De dentro da prisão, seu apoio político fez com que um inexpressivo Fernando Haddad tivesse mais de 40 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais.

A “democracia” e a “ciência” tucanas

Nas redes sociais oficiais de Lula, o encontro com FHC foi apresentado como uma “uma longa conversa sobre o Brasil, sobre a nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia”. É importante lembrar o que significam democracia e ciência para os políticos do PSDB, para não se confundir.

O aspecto democrático pode ser exemplificado pelo próprio FHC e pela ininterrupta sucessão de governadores tucanos no estado mais rico do país. Durante sua campanha de guerra contra o povo brasileiro nos anos 1990, FHC mostrou todos os seus dotes “democráticos” para impor importantes derrotas às greves dos trabalhadores da Petrobras e outras estatais. No estado de São Paulo, todo o funcionalismo público conhece a “democracia” imposta pela Polícia Militar, comandada pelos tucanos, aos grevistas. Por falar na PM, ela é o principal porta-voz dessa “democracia” tucana para toda a população, especialmente nos bairros populares, onde impõe um terror muito “democrático”.

Agora, o caráter “científico” é muito mais específico e se refere às disputas políticas entre os governadores e o ilegítimo presidente Bolsonaro durante a atual pandemia. Enquanto Bolsonaro apostou abertamente na negação da pandemia e na importância de manter a economia funcionando independentemente das mortes, os governadores apostaram num truque ilusionista e supostamente científico. Foram as farsescas quarentenas que deixaram de fora a maior parte da população e ainda ajudaram a quebrar pequenos comerciantes, a única medida “científica” adotada por eles.

Nesse sentido, a responsabilidade de vampiros políticos como João Dória é equivalente à de Bolsonaro. Após mais de um ano de pandemia, o governo do estado mais rico do país não construiu uma estrutura capaz de evitar o altíssimo morticínio em São Paulo. A vacina chinesa CoronaVac, tão explorada politicamente, não é mais encontrada nas Unidades Básicas de Saúde.

A ilusão do Lula infalível

Parte da militância de esquerda, em especial aquela ligada ao PT, credita dons messiânicos ao ex-presidente Lula. Longe de diminuir sua importância na história do país, é necessário criticá-lo quando erra. Esse é o caso agora, por ocasião do desmoralizante encontro com um dos piores algozes do povo brasileiro.

Enquanto alguns preferem afirmar abstratamente “o Lula sabe o que faz”, preferimos analisar os fatos concretamente. Só para ficar no período atual, é possível elencar episódios onde encontramos falhas na política adotada pelo ex-presidente. No golpe de 2016, Lula não só não previu como não organizou a militância do PT para defender nas ruas o governo Dilma. Não foi um erro menor.

Na sua própria prisão, Lula optou por se entregar diante de uma militância disposta a impedir essa arbitrariedade. A culminação desse erro foi a pavimentação do caminho para a eleição de Bolsonaro. A idolatria cega é um grave erro.

A extrema-direita e o regime político

Além da direita moribunda eleitoralmente, quem ganha com essa aproximação entre PT e PSDB é justamente o bolsonarismo. Uma característica da extrema-direita em todo o mundo é seu discurso contra os regimes políticos atuais e seus representantes, invariavelmente rotulados de corruptos. Isso tem enorme apelo em diversos setores da população, pois ela sofre as condições reais impostas pela dita “democracia” burguesa.

Quando a esquerda fica a reboque da direita, o povo não mais a percebe como uma oposição ao poder imposto violentamente sobre ele, mas como mais um componente do poder estabelecido. Essa fórmula é responsável pelo crescimento da extrema-direita em vários países europeus, como Espanha, França, Alemanha.

A direita “democrática” tem muito mais afinidade com a direita abertamente fascista do que com a esquerda. Quando o fascismo chega ao poder, a direita “democrática” sempre participa desses governos, essa é uma lição que a história já nos ensinou. Para ser reconhecida como uma alternativa à direita e à extrema-direita, a esquerda precisa ter uma política independente e que atenda aos interesses dos trabalhadores.

Lula candidato, sim!

Ao contrário de oportunistas, que aproveitam a confusão política do PT para tentar descartar a candidatura Lula, seguimos na defesa incondicional de uma campanha de rua na defesa de Lula Candidato e Lula Presidente. Lula não é popular porque faz acordos com a direita, o povo enxerga em Lula um polo oposto a FHC e a Bolsonaro.

De um lado a massa falida da direita tradicional, com PSDB, DEM, PMDB e outros menores, do outro, Lula e a base militante do PT. Bolsonaro surfa na falência dessa direita, por isso se associar a ela é o caminho para a derrota.

O povo nas ruas em defesa da candidatura Lula é um fator que tende a influenciar um futuro governo do PT à esquerda. Defendemos sua candidatura, mas temos um programa próprio. O objetivo das nossa crítica é fazer com que o movimento de massas encontre o caminho correto para a sua vitória política, que culmina na superação do capitalismo.

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