Na próxima semana, pela primeira vez desde que teve início a pandemia, estará no calendário das principais organizações da esquerda e do movimento operário de todo o País um ato de massas. Será o dia nacional de mobilização, agendado para 29 de maio.
O ato expressa uma mudança muito importante na luta política contra a crise econômica e sanitária e contra a burguesia de uma maneira geral. Esse será o primeiro ato de massas porque a esmagadora maioria das organizações havia adotado o “fique em casa” como sua principal palavra de ordem. A barreira do “fique em casa”, contudo, já se rompeu.
E se rompeu por uma questão de necessidade. Era inviável. O País está beirando os 500 mil mortos, segundo os números oficiais, e já conta com 29,4 milhões de pessoas passando fome. A crise social já se tornou uma crise humanitária. Nada está sendo feito para conter essa crise. Muito pelo contrário: não há auxílio emergencial, não há emprego e a polícia está matando mais do que nunca.
A situação já era muito grave. Muito mesmo. Mas a miséria cada vez maior só conseguiu pôr abaixo o muro erguido contra as manifestações de rua porque ela também está dando lugar, cada vez mais, a um movimento organizado. Embora os saques e os enfrentamentos com a polícia sejam expressões importantes da crise social, os atos de rua do dia 31 de março e, principalmente, o de 1º de maio serviram como instrumento fundamental para derrubar a barreira.
A porteira para grandes mobilizações está aberta. Mas é preciso arrancá-la, jogá-la fora. Impor uma derrota tão profunda ao “fique em casa” que ela seja vista por todos como aquilo que de fato é: uma política reacionária para que o povo apanhe calado. E para que isso aconteça, é preciso desenvolver toda a tendência de luta que vimos no último período.
Nos próximos dias, tomar a tarefa de organizar os atos de 29 de maio como a mais importante do momento. É hora de ir às fábricas e aos bairros populares em todas as capitais, explicar que a hora de se levantar contra o regime é agora. É a hora de aproveitar a porteira aberta para transformar a revolta que hoje já existe em um movimento furioso, que atropele tudo o que vir pela frente até conseguir o que quer.
Vacina para todos, auxílio emergencial de no mínimo um salário, redução da jornada para 35 horas, sem auxílio emergencial: são essas as palavras de ordem que devem ser marteladas na porta de cada trabalhador na próxima semana. Que cada poste de cada capital tenha um cartaz convocando os trabalhadores para lutar pelas suas necessidades. Que cada trabalhador receba o mesmo panfleto dez vezes por dia convocando-o para a luta. Que o povo sofrido, esmagado pelo golpe de Estado, tome o dia 29 para si e faça dele uma tribuna contra a privatização dos Correios e contra todos os ataques da direita golpista.
A política dos capitalistas durante a pandemia é descobrir uma coisa nova a cada dia para roubar o trabalhador. Que saibam agora que a política dos trabalhadores será aumentar a pressão todos os dias, até que os golpistas cedam.