A produtora cultural Tichê Vianna denunciou que a liberação de recursos do Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC) está suspenso há cinco anos. O programa financia projetos culturais em Campinas e previa R$ 2,9 milhões por edital.
Segundo Tichê Vianna, a Secretaria de Cultura liberou apenas R$ 500,00 para cada inscrito contemplado no programa de ajuda, num momento em que, conforme denuncia a produtora, os artistas estão sendo devastados pela crise econômica e a situação imposta pela pandemia do novo coronavírus.
“Temos tido apoio solidário para ajudarmos os artistas. Tivemos que nos adaptar. Todo mundo passou para o audiovisual, mas precisa de ter recursos para os equipamentos e e contratação de gente qualificada. Campinas não tem financiamento desde que a prefeitura suspendeu o FICC há cinco anos. É um problema que em nós artistas provoca muita indigestão”, denunciou.
Vianna informa ainda que, em Campinas, muitos artistas têm saído da cidade para trabalhar e buscar uma forma de se sustentar.
Direita unida contra a cultura
A situação, de fato, é muito crítica diante da pandemia da Covid-19. Porém, é importante ressaltar que, conforme a denúncia, os fundos para investimento na cultura não estão sendo pagos desde 2015, isto é, anos antes da chegada devastadora da crise sanitária.
Na verdade, a pandemia apenas está sendo usada pela burguesia para estrangular o setor, porque a cultura sempre foi odiado pela direita golpista, que aproveita a crise para justificar a política neoliberal de “corte de gastos”, que sempre afeta o povo e nunca os grandes capitalistas.
Há pelo menos três gestões, a Prefeitura de Campinas está sucateando a cultura do município – passando pelos “civilizados” Jonas Donizette (PSB) e Henrique Magalhães Teixeira (PSDB) até os bolsonaristas Dário Saadi (Republicanos) e Wanderley Almeida (PSB).
O fato mostra uma política unificada da direita – a “democrática” e a bolsonarista – nos ataques à cultura. Mas a situação em Campinas é apenas um exemplo diante da situação do conjunto do país.
Vale lembrar, por exemplo, que o atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi um dos maiores inimigos da cultura. Atacou a arte de rua, pintando a cidade de cinza nos muros onde haviam grafites; atacando grupos tradicionais de música popular brasileira; colocando mais seguranças nos metrôs e trens para reprimir os artistas (assim como os vendedores ambulantes), que, diante da situação caótica, precisam recorrer à situação precária de trabalho; entre outras coisas.
Da mesma forma, com a política neoliberal do conjunto dos golpistas, assim como a política fascista do atual governo Jair Bolsonaro, levou a imensos ataques contra a cultura, com redução de verbas estatais para financiamento de projetos; com a destruição do patrimônio, principalmente dos museus, que vivem num estado de calamidade e acabam sendo destruídos (Museu Nacional, por exemplo); com censuro a órgãos não alinhados com o programa golpista, como na Ancine; etc.
Apenas a derrota dos golpistas pode permitir um cenário otimista para a cultura brasileira. Por isso, artistas precisam entrar na linha de frente da luta contra Bolsonaro e todos os golpistas.