Nessa última quinta-feira (06), o Brasil assistiu a mais uma chacina praticada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. A operação ocorreu no Jacarezinho, bairro da Zona Norte da cidade, com uma população em torno de 37 mil habitantes, um bairro com altos índices de violência, sobretudo a praticada pelos policiais a serviço da burguesia fascista do país.
Nessa chacina os policiais tiraram a vida de 24 pessoas, de forma sumária, numa violência brutal que acende mais um alerta de que o país, sob o comando da extrema-direita e dos golpistas, caminha para um recrudescimento do estado policial.
A operação no Jacarezinho ocorreu após o Supremo Tribunal Federal realizar uma audiência pública sobre operações policiais no Estado do Rio de Janeiro. A audiência realizada por essa corte política, omissa e a serviço desse estado policial fascista, é apenas uma demagogia para tranquilizar a população, população esta que acordou nessa fatídica quinta-feira com helicópteros sobrevoando a comunidade e com caveirões atirando na população, um verdadeiro ato de covardia e genocídio, em plena pandemia, numa situação de crise econômica e sanitária.
Uma das determinações do Ministro Edson Fachin, do STF, era de que as operações fossem aprovadas pelo Ministério Público Estadual, que deveria garantir todos os cuidados e direitos constitucionais à população, mas o sangue derramado nessas operações não está apenas nas mãos da polícia, mas em todos esses cínicos órgãos do Estado burguês. Para matar o povo, como se não bastasse a aliança dessa burguesia com o coronavírus, eles ainda colocam seus cães de guarda, instituições e tanques de guerra para executar sumariamente as pessoas, sem nem saber quem são, apenas chamando-os de suspeitos. A operação sanguinária, com apoio da Polícia Civil, tão fascista quanto a militar, assassinou 24 pessoas, um policial foi morto, com dois outros feridos e duas pessoas foram baleadas no metrô a caminho do trabalho. Houve até exposição de cadáveres para intimidar a comunidade, avisando que outros assassinatos poderão vir.
Criada em 1809 para substituir a Guarda Real de Polícia de Portugal, a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia foi o instrumento de segurança similar ao que tinha em Portugal para no Brasil proteger a família real, que aportou aqui em janeiro de 1808. A partir desse dia, crimes, torturas e assassinatos tornaram-se a rotina dessa instituição, uma instituição fortemente armada e treinada para violentar a população e proteger a classe dominante e suas propriedades, sob o falso discurso de proporcionar segurança pública para toda a população. Na verdade, as polícias militar e civil estão aí para conter e sufocar a revolta do povo, o qual sempre foi escravizado e humilhado por esse estado burguês.
Os números da violência e dos assassinatos são assustadores! Segundo o Instituo de Segurança Pública (ISP), entre janeiro de 1998 e março deste ano, 20.957 pessoas morreram em “confronto direto” (foram assassinadas) com a polícia no Estado do Rio, uma média de uma morte a cada dez horas nesses 23 anos. As mortes nas comunidades vêm crescendo bastante, sobretudo depois do avanço da extrema-direita no país.
Os anos de 2018, 2019 e 2020 são os três com maior número de mortes na série de pesquisa do ISP. A cada ano a polícia do Rio mata 873 pessoas. O mês com maiores registros de assassinatos foi o de julho de 2019, com 195. Analisando por trimestre, a pesquisa indica que o trimestre de 2021 é o mais letal, com 453 mortos, isso com toda crise da pandemia de coronavírus.
Entre os anos de 2010 e 2015, a pesquisadora Terine Husek Coelho demonstrou que a morte de um policial aumenta bastante a probabilidade de uma reação com homicídios contra a população. No mesmo dia de morte de algum policial a reação pode acontecer numa possibilidade de 1150%, 350% no dia seguinte e 125% durante a semana.
A operação no bairro do Jacarezinho é mais uma prova, dentre várias, de que estamos sendo ameaçados de morte a cada dia. É preciso dar um basta nesses assassinatos, nessa política de combate às drogas, que na verdade é mais um motivo para sufocar e matar a população, população esta carente de emprego, sem estrutura, sem um único plano do Estado para lhe proporcionar emprego, renda e educação a fim que não seja atraída para o tráfico de drogas.
Para salvar a população desses massacres, é preciso formar os comitês de autodefesa, lutar para a comunidade assegurar o seu direito de também se armar (protegendo-se da violência armada do estado burguês e da extrema-direita) e exigir o fim das Polícias Militar e Civil, pois a segurança pública pode ser conduzida e administrada pelas próprias comunidades.
Além dessas reivindicações, é necessário acabar com a política violenta de guerra às drogas, legalizando seu uso e porte, para que as cadeias não continuem sendo mais uma máquina de moer e assassinar o povo oprimido – libertar os presos, já! A saída para o fim do uso e tráfico de drogas é oportunidade de emprego, renda, educação e saúde dignas nas comunidades, conquistas que serão garantidas com um estado sob a direção do povo, num regime socialista. Do contrário, como estamos vendo há séculos nesse país e em outros países pobres, a política do combate às drogas e à violência será mais um motivo para exterminar o povo e conter todo tipo de revolta social.