Os acontecimentos do 1º de Maio deixaram claras algumas questões importantes sobre a luta política em curso no País.
A esquerda, representada pelas principais organizações populares e partidos, desde o início da pandemia – e lá se vai quase um mês e meio – está em casa e decidiu manter-se em casa mesmo no dia de luta dos trabalhadores. Pior ainda, decidiu organizar pseudo-atos virtuais, o principal deles, com a presença de inimigos dos trabalhadores, como FHC.
Na prática, no 1º de Maio, a esquerda se absteve de mobilizar os trabalhadores.
Não fosse a iniciativa do PCO, que contou com o apoio de outros grupos, de fazer um ato de verdade, de rua, classista, na Praça da Sé, o 1º de Maio teria passado em branco para a esquerda.
Pior ainda, quem tomou a iniciativa na data foi a extrema-direita bolsonarista. Os fascistas colocaram milhares de pessoas na avenida Paulista para apoiar o governo Bolsonaro.
Em suma, não apenas a esquerda pequeno-burguesa entregou as ruas para os bolsonaristas, coisa que já vem acontecendo há meses, como também entregaram a data do dia internacional de luta dos trabalhadores. Os maiores inimigos dos trabalhadores receberam de presente o dia que é tradicional de luta da esquerda.
Tivemos, portanto, o seguinte cenário: a esquerda pequeno-burguesa se juntou à direita golpista tradicional em um ato virtual completamente desmoralizante e inócuo do ponto de vista político, enquanto que a extrema-direita mobilizou de fato os seus apoiadores nas ruas. O PCO, por sua vez, chamou os trabalhadores e a esquerda a romperem com essa política de capitulação e sair às ruas em defesa das principais reivindicações do povo.
Nas redes sociais e na imprensa de esquerda há uma euforia com a possibilidade da candidatura de Lula. Essa euforia ignora que: 1) Os golpistas podem tentar novo golpe para impedir sua candidatura, o que só pode ser evitado com uma mobilização real; 2) A direita golpista tradicional não quer apoiar Lula, mas procura uma alternativa de sua confiança; 3) Se a direita não encontrar essa alternativa, ela deve apoiar novamente Bolsonaro; 4) Sem uma mobilização real até mesmo Lula – o candidato mais popular do País – terá dificuldade de vencer a eleição presidencial.
Diante de tudo isso, o que aconteceu no 1º de Maio deveria servir como alerta para os que acreditam que a eleição é a salvação do País. No final das contas, foram os bolsonaristas que saíram na frente nas eleições de 2022.
Se levarmos em conta que a demonstração de forças no 1º de Maio é uma largada para a disputa presidencial, podemos dizer que Bolsonaro, nesse momento, está com larga vantagem.
Muita água vai correr até 2022, mas até mesmo os amantes de eleição sabem que uma eleição só se ganha com campanha, com mobilização, movimentando os eleitores. E nesse quesito, Bolsonaro também saiu na frente.
A popularidade de Lula só faz diferença para ganhar a eleição se se transformar em um movimento real. Demostrações virtuais não são suficientes. Pesquisas eleitorais também não são garantia de nada.
O que vale é ter bala na agulha. Conversa mole, ainda mais em “live” com FHC, não ganha eleição.
Por isso, para os que querem derrotar o golpe, seja na eleição, seja nas ruas, a mobilização nas ruas é a única solução. Ainda há tempo de superar os bolsonaristas. O PCO está convocando nova manifestação para o dia 3 de julho na avenida Paulista. Chegou a hora de colocar em marcha uma enorme mobilização popular contra o golpe, que coloque na ordem do dia as principais reivindicações dos trabalhadores, como o auxílio emergencial de pelo menos um salário mínimo, a quebra da patente das vacinas, a luta contra a privatização, o fora Bolsonaro e todos os golpistas e a luta pela candidatura de Lula.