Ante o marasmo e o tédio que se apoderaram de boa parte da esquerda pequeno-burguesa e das direções do movimento operário e popular, um verdadeiro 1º de Maio, um ato classista e nacional, que honra a memória dos mártires da classe trabalhadora e que apresenta uma perspectiva política de mobilização para as massas, foi convocado pelo Partido da Causa Operária (PCO), pelos Comitês de Luta e setores de base da esquerda. Um fato político da maior importância no cenário de profunda crise que passa o país.
Um dos papéis que cabe aos elementos dirigentes, a vanguarda, os elementos mais conscientes da classe trabalhadora, consiste em agrupar e organizar as massas exploradas e oprimidas, explicar-lhe onde está e como chegar a uma saída efetiva. Educá-los, não com palavras vazias, mas com ações revolucionárias através das quais tornam-se mais conscientes de seus interesses, de como conquistá-los, ao mesmo tempo que aprendem a reconhecer quem são seus reais inimigos e como combatê-los. Eis aí o sentido geral do 1º de Maio convocado pelo PCO e os Comitês de Luta: apresentar uma perspectiva de luta, um conjunto de reivindicações pelas quais é necessário se mobilizar e lutar contra toda a burguesia golpista e genocida.
A esquerda pequeno-burguesa e as direções de maneira geral seguiram outro caminho, o caminho da traição dos interesses do proletariado e dos oprimidos e explorados em geral. A grave crise nacional que se abateu sobre o país desde o golpe de Estado de 2016 que solapa até os fundamentos da República burguesa, que vigorou de 1985 até essa data, refletiu nesses setores, ora provocando profunda apatia, ora profunda ilusão nos setores capitalistas que organizaram o golpe e que agora se passam por democratas.
A direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), não sem causar distensões e mal estar em seu interior, juntamente com as chamadas “centrais”, organizações do movimento sindical oportunistas, ou mesmo patronais, como a Força Sindical, após passar mais de um ano com os sindicatos fechados, enquanto os trabalhadores eram e continuam sendo massacrados pelo vírus, pelo desemprego e pela fome, convocaram uma live, uma atividade virtual, para esse 1º de Maio, Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora.
O que já seria absurdo por si mesmo, uma vez que as demandas urgentes dos trabalhadores, que estão sendo esmagadas pela política genocida e altamente destrutiva dos governos, tanto federal como estaduais, exige das organizações que os representam muito mais que uma live. Porém, o que era ruim, ficou pior, a live nada mais é que uma afirmação da política de frente com a burguesia, que setores da burocracia sindical e políticos da esquerda creem ser a única salvação. Se essa direita é a salvação, estamos todos condenados. A live contará com mensagens de Fernando Henrique Cardoso, Ciro Gomes, Rodrigo Maia; até mesmo João Doria, atual governador de São Paulo, foi convidado.
Os piores carrascos dos trabalhadores, seus verdadeiros monstros e inimigos mortais, estão sendo convidados a dar sua saudação cínica ao povo em nome de uma frente supostamente anti-Bolsonaro. No entanto, esse bloco não é, de maneira alguma, no que diz respeito aos interesses do povo trabalhador, melhor que Bolsonaro. Ao contrário, a direita golpista tende a ser mais radical na política econômica devastadora. Como num ato de fé irracional, essa esquerda, em desespero, crê na direita, não porque seja real, mas porque necessita crer numa saída institucional, que é o limite sua ação, como aquele que sofre e não tem condições de evitar, necessita de um Deus e do paraíso. No mundo real, não fazem outra coisa, no entanto, que tornar a situação do trabalhador mais desesperadora.
Outros setores pequeno-burgueses foram tomados pela apatia completa. O PSTU, e sua central sindical de brinquedo, CSP-Conlutas, sentindo-se constrangidos de participar de um ato com FHC, mas sem romper a apatia, chamou sua própria live, igualmente inócua, e ainda mais irrelevante. Assim como o PSTU, outros pequenos grupos que se dizem revolucionários farão suas lives privadas.
Ao contrário dessa política de ilusão e apatia, na Praça da Sé em São Paulo, às 14 horas, um verdadeiro ato de 1º de Maio, uma verdadeira mobilização dos trabalhadores da cidade e do campo irá ocorrer. Junto com os Comitês de Luta e o PCO, os companheiros de base do PT, da CUT, do MST, da FNL e da FIST, dentre outras organizações, realizarão um grande ato nacional. Uma ampla mobilização está sendo realizada, caravanas de diversas regiões, como do Sul, que passará pelo três estados, do centro-oeste, de Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro, assim como um grande número do Nordeste e do interior de São Paulo, rumam para a capital paulista para participar deste grande acontecimento político.
Um grande número de organizações também participará deste acontecimento, uma verdadeira manifestação do povo trabalhador. Um ato democrático, em que todos têm direito de se manifestar e a palavra e em que todas as organizações têm direito à fala.
A mobilização real, a mais ampla possível, é a melhor maneira para quebrar a paralisia e a dispersão apresentando um caminho seguro e único, que livre de todas as ilusões, para realmente levar a uma vitória das massas trabalhadoras.