Na última semana, nos dias 22 e 23 de abril, aconteceu a chamada Cúpula do Clima. O evento foi convocado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e reuniu outros chefes de Estado para discutir problemas ambientais. O encontro sem muita surpresa serviu de palco para as demagogias, sobretudo as vindas dos governos imperialistas responsáveis pelos problemas climáticos e pelos ataques ao povo, como é o caso dos EUA. A cúpula, no entanto também serviu para deixar clara a relação do imperialismo com a direita brasileira com afagos e elogios de Biden a Jair Bolsonaro.
Dentre as promessas feitas pelo fascista Jair Bolsonaro, está, por exemplo, a de zerar o desmatamento, o que evidentemente não passa de demagogia, tendo em vista que Bolsonaro e a extrema-direita são responsáveis pela grilagem, o latifúndio, a perseguição de indígenas, os mesmos responsáveis pelo desmatamento. Biden, que também é responsável por ataques desta natureza em todo o mundo, elogiou o discurso de Bolsonaro como sendo “encorajador”.
É importante ter claro que estes elogios de Biden ao governo Bolsonaro não são despretensiosos, mas demonstram, na verdade, que o imperialismo norte-americano não tem nenhum problema em manter relações com Bolsonaro e com a extrema-direita brasileira para defender os interesses políticos do imperialismo. A campanha eleitoral de Joe Biden foi marcada por iniciativas demagógicas para atrair determinados setores contra Donald Trump, mascarando Biden como um aliado da população mais oprimida quando, na verdade, Biden é um dos principais nomes da burguesia, um homem de confiança do imperialismo, inimigo não só do povo norte-americano, mas de todo o mundo.
Boa parte da esquerda norte-americana e também a brasileira comprou a versão farsesca de Biden e passou a defender a eleição de Biden como uma vitória. Por parte da esquerda pequeno-burguesa no Brasil, inclusive, existe a ideia de que Biden se oporia ao governo Bolsonaro, que atacaria Bolsonaro e até mesmo apoiaria a esquerda nacional em certa medida nas eleições de 2022. O que só demonstra a profunda confusão política na qual estes setores se encontram.
Biden, muito antes das eleições presidenciais, já demonstrava a sua política de ataques aos trabalhadores e em defesa da burguesia imperialista da qual faz parte. Biden é um representante do imperialismo e o imperialismo não tem a menor intenção de romper com Bolsonaro, muito menos em troca de uma alternativa de esquerda como o ex-presidente Lula. É preciso lembrar que o governo Barack Obama, com o próprio Biden como vice, foi responsável pelo golpe de 2016, que derrubou o governo do PT, prendeu o maior líder popular de esquerda do país e finalmente elegeu Bolsonaro colocando o fascismo no poder.
Isto não quer dizer, no entanto, que Biden irá apoiar Bolsonaro abertamente, isto sequer é necessário. Quando Biden participou da manobra para derrubar Dilma ele não apareceu, por exemplo. O imperialismo pode fazer o Bolsonaro ganhar uma eleição sem aparecer, como aconteceu em 2018. O apoio público não é o fundamental, fundamental é o dinheiro que vai ser aplicado, o controle da imprensa e tudo mais.
O discurso na cúpula do clima, a troca de afagos discreta, o namoro por debaixo dos panos entre Biden e Bolsonaro, revela que não há ataque do imperialismo à extrema direita brasileira, muito pelo contrário. Bolsonaro está ligado ao sistema político norte americano, não ao Trump apenas, Trump era a preferência de Bolsonaro, mas ele é um homem do sistema político norte americano, seja com Trump ou com Biden.