A decisão do Supremo Tribunal Federal acerca da suspeição do juiz golpista Sérgio Moro deixou muitos da esquerda eufóricos. Segundo esses setores, com a decisão, a candidatura de Lula estaria garantida, e por consequência a vitória eleitoral em 2022. Acontece que nem tudo são rosas e a realidade está longe do que foi apresentado pela esquerda. A candidatura de Lula não está garantida, muitas águas ainda hão de passar.
Primeiro, é preciso entender a decisão do STF. A corte confirmou o que votou a segunda turma, apoiando a decisão de um dos seus integrantes, Edson Fachin, no dia 8 de março, sobre a incompetência da Vara de Curitiba em julgar os processos de Lula. Uma segunda decisão sobre a manutenção da suspeição de Moro, foi uma reafirmação da decisão da segunda turma referente ao triplex de Guarujá, o que significa que nem todos os processos que Moro iniciou contra o ex-presidente foram anulados. O processo do sítio de Atibaia, embora tenha sofrido um retrocesso, será julgado por outra instância do judiciário, podendo ser em Brasília ou em São Paulo, mas as provas coletadas por Moro e a Força Tarefa Lava-Jato ainda podem ser usadas contra o ex-presidente. Devemos também lembrar que Lula tem incontáveis outros processos contra sua pessoa. Qualquer um desses processos ainda podem ser usados contra Lula.
Uma das lições que deveriam esses setores eufóricos terem aprendido com os últimos anos de golpismo, é que o judiciário brasileiro pode passar por cima de qualquer lei, tramitação processual e direito democrático quando há uma necessidade política. Nada impede a instância que julgará o processo de Atibaia, ou qualquer outro processo, de encaminhá-lo à tempo de deixar Lula inelegível.
A verdade é que Lula para ser candidato ainda tem muito chão para percorrer. A decisão do plenário do STF simplesmente veio reforçar a decisão de Edson Fachin, que tentou com essa manobra salvar a pele de Moro e da Lava-Jato. É absurdo esperar da mesma corte que está enquadrando dezenas de pessoas na Lei de Segurança Nacional, que em suas últimas decisões se colocou acima do Estado de Direito, da Constituição e dos direitos democráticos da população, uma decisão democrática e que beneficia minimamente a esquerda.
As eleições que estão por vir prometem ataques sujos e fraudes contra Lula, o PT e toda a esquerda. Não deram o golpe em 2016 para devolver de bandeja o governo. Pelo contrário, a burguesia fará de tudo para impedir que Lula vença.
Para garantir a candidatura de Lula, somente um caminho se apresenta diante de nós: o caminho das ruas. A única garantia que o ex-presidente tem a sua disposição atualmente é o povo. As campanhas da esquerda militante pela liberdade de Lula e pela anulação de seus processos serviram para pressionar a burguesia na única linguagem que ela entende, a da força.
É preciso abandonar as ilusões, são desculpas elaboradas por aqueles que não querem travar uma luta contra os golpistas. Devemos tomar o asfalto, convocar nossos iguais e marchar na Avenida Paulista neste próximo 1º de maio para pressionar a burguesia. A tarefa do momento é colocar o movimento operário em movimento e travar uma luta para reverter as mazelas do golpe.