Há três meses da data prevista para o início dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, adiados há um ano por conta da pandemia mundial do Covid 19, o governo japonês se depara com a necessidade de decretar estado de emergência em Tóquio e em três outras regiões do país (Osaka, Kyoto e Hyogo) para conter a disseminação do coronavírus.
Apesar de não figurar entre os países líderes de contaminação e mortes, o Japão conta com cerca de 10.000 mortes, apesar de nunca ter imposto bloqueios rígidos como em outros lugares. Mas a partir de março, após o inverno japonês os casos voltaram a aumentar quando após a realização de um segundo estado de emergência em algumas regiões do país este foi suspenso em março.
A capital Tóquio registrou 861 novos casos no último dia 22 de abril, situação que não ocorria desde janeiro, enquanto Osaka registrou 1.167 casos, um pouco menos do que o recorde registrado no dia anterior. O governo local de Osaka anunciou que a capacidade sanitária está no máximo.
Até o momento 1,5 milhão de pessoas receberam a 1ª dose e outras 827 mil a 2ª dose, um ritmo muito lento de vacinação para o país que se imbuiu de realizar a maior competição esportiva do mundo. Por enquanto, apenas a vacina da Pfizer foi aprovada e as da Moderna e AstraZeneca não devem receber luz verde antes de maio.
De acordo com o governo do Japão, serão anunciadas medidas mais duras do que as executadas durante o último estado de emergência em janeiro. As medidas serão realizadas no período entre 25 de abril e 11 de maio que coincidirá com os feriados da ‘Golden Week’ – período em que se realiza a maior parte das viagens no país asiático. Entre elas estão: fechamento de estabelecimentos que vendam álcool, além de centros comerciais e lojas de departamento
A crise japonesa com o aumento do número de infecções no país levou o ministro japonês Yasutoshi Nishimura a se colocar e dizer: “Temos uma forte sensação de crise”, completando,
“A menos que adotemos medidas mais fortes do que as adotadas até agora, não conteremos as variantes que têm enorme poder infeccioso”.
A necessidade de novo endurecimento nas medidas sanitárias se chocam diretamente com os interesses econômicos capitalistas, em meio a maior competição esportiva do mundo, as Olimpíadas. Está sendo considerada a proibição de público nos eventos esportivos, mas as autoridades insistem que as medidas não terão impacto nos Jogos Olímpicos.
Para defender os interesses econômicos presentes na competição, o governo japonês se vê frente a outro dilema que a população japonesa já critica abertamente. O governo do Japão já questiona a necessidade de imunizar sua delegação olímpica, colocando atletas olímpicos e os paralímpicos à frente na fila de vacinação contra a Covid-19. Com a proposta de que as delegações recebessem duas doses da vacina até o final de junho. Isso daria tempo para que houvesse recuperação de algum possível efeito colateral antes da abertura dos Jogos, prevista para 23 de julho. Enquanto a população japonesa que só teve sua imunização iniciada em março, não deve terminar de vacinar a população acima de 65 anos antes do final de maio.
A imunização de atletas olímpicos está sendo realizadas por vários países que irão competir nos Jogos de Tóquio-2020/21 ou pretendem fazer isso. Entre eles, os Estados Unidos, Israel, França, México e Lituânia.
O COI (Comitê Olímpico Internacional), chegou a anunciar através de seu presidente, o alemão Thomas Bach, entregar uma oferta de vacinas da China para todas as delegações que irão competir em Tóquio. Contudo, não voltou a tocar no assunto, num momento em que o imperialismo procura de todas as formas atacar tanto a China, como a Rússia.
Frente a tais interesses capitalistas, mas agora do lado de cá, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) foi procurado no último dia 23, pelo Ministério da Defesa para tratar da vacinação contra a covid-19 de atletas olímpicos e paralímpicos que participarão dos Jogos de Tóquio.
A previsão é de que as 2.000 pessoas que integram a comissão brasileira, entre atletas, comissões técnicas e colaboradores do COB serão imunizados. Em nota enviada à imprensa, o Comitê confirmou que está em tratativa com o Ministério da Defesa e o Comitê Olímpico Internacional sobre o assunto, mas que seguirá o Plano Nacional de Imunização. Há cerca de um mês as Forças Armadas anunciaram que os atletas do olímpicos do Exército brasileiro já estavam sendo imunizados.
O exemplo dos Jogos de Tóquio 2020/21 demonstra que o capitalismo, sequer onde tem seus objetivos mais prementes consegue resolver seus problemas. Depois de mais de um ano de pandemia, o imperialismo mundial e o imperialismo japonês não conseguiram conter a proliferação da doença no país sede dos jogos, inclusive ameaçando este que é uma das mais tradicionais festas do esporte.
Desde as primeiras Olimpíadas da era moderna, em Atenas 1896, as mesmas só não ocorreram durante as guerras mundiais (1916, 1940 e 1944), o que mostra quão profunda e decadente é a atual crise do sistema capitalista, que sequer consegue realizar sem maiores problemas, um evento, que os grandes capitalistas, veem como mais uma esperança de ampliação de seus capitais.