Após disputas em torno às fatias mais apetitosas dos recursos públicos que compõem a previsão orçamentária nacional, o presidente fraudulento Jair Bolsonaro sancionou o orçamento da união, instrumento de planejamento que permite o Estado e o governo prever gastos, despesas e investimentos para “tocar a máquina pública”.
Os cortes de recursos apostos na peça orçamentária pelos parlamentares revela a luta encarniçada das diversas frações e camarilhas burguesas para se apropriar dos recursos destinados aos programas sociais que, em tese, protocolarmente, deveriam ser empregados para o benefício da população.
No entanto, devido às profundas tesouradas que o orçamento sofreu neste exercício, vários programas, ações e metas ficaram prejudicadas. Uma das mais importantes ações do Estado que estava prevista para ser realizada ainda este ano era o censo demográfico, realizado de dez em dez anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levantamento de dados e pesquisa referente ao perfil da população que permite a formulação de políticas públicas.
Em declaração lacônica, como se tivesse falando sobre algo irrelevante e sem qualquer importância, o secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues disse que “não há previsão orçamentária para o Censo, portanto ele não se realizará em 2021″, simples assim.
É escabrosa, mas não surpreendente, a forma como a direita e a extrema-direita tratam questões que dizem respeito aos interesses da sociedade em geral e aos direitos da população menos favorecida, em particular.
Para termos uma ideia do tamanho do golpe contra o censo e o IBGE, a pesquisa perdeu 96% do orçamento, sendo reduzido de R$2 bilhões para R$71 milhões; ou seja, o trabalho que seria realizado por milhares de pesquisadores está inviabilizado pela ação dos golpistas que, diante da magnitude da crise, preferiram desviar os recursos para suas emendas parlamentares, beneficiando seus currais eleitorais, já de olho nas eleições de 2022. O fato é que a tesoura orçamentária submergiu o Brasil numa espécie de apagão estatístico, em meio às centenas de outros apagões que vitimam a sociedade nacional neste momento,
A não realização do censo ocasionou, inclusive, o pedido de exoneração da presidente do Instituto, Susana Guerra, que saiu em defesa da realização do Censo, criticando os cortes no orçamento destinados à pesquisa nacional.
O fato acontecido com o orçamento nacional este ano é somente uma pequena amostra do que vem ocorrendo no Brasil sob o governo de extrema direita, fascistoide, que ascendeu ao poder depois do golpe de Estado de 2016, perpetrado pelos políticos e partidos da chamada direita tradicional (MDB, PSDB, DEM e siglas golpistas menores) que sitiaram, isolaram e derrubaram o governo eleito em 2014.
A obra de destruição que está em curso no País, portanto, não é o resultado somente da ação deletéria da extrema-direita – como muitos querem fazer crer – mas o produto direto da colaboração e da ação da direita “limpinha e cheirosa”, a mesma que neste momento busca se credenciar junto à população para retomar as rédeas da condução política do País via o processo eleitoral que se avizinha, previsto para 2022.