Foram realizadas ontem (22), assembleias gerais extraordinárias específica dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal, para cada base dos diversos sindicatos regionais, de forma virtual. Os encontros deliberaram a decretação de estado de greve e indicação de paralisação por tempo determinado no dia 27 de abril próximo.
A proposta de paralisação se dá em resposta à política do governo ilegítimo Bolsonaro e seus prepostos à frente da CEF, em dar mais um passo na direção da privatização do banco quando anunciaram, para o próximo dia 29 de abril, a abertura do capital de uma das subsidiárias da Caixa: a Caixa Seguridade.
Além de pavimentar o caminho para a privatização do banco, os números expressivos do faturamento da seguradora da CEF, não deixam dúvidas do que está em jogo na abertura do capital da subsidiária: o atendimento, por parte do governo, aos interesses dos grandes banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais. Não é um mero acaso que todo o processo de abertura do capital esteja sendo coordenado por grandes bancos estrangeiros e nacionais, tais como o Morgan Stanley, Bank of America, Credit Suisse, Itaú BBA, USB BB.
Os recentes números dão conta do que está por trás do processo de entrega do patrimônio do povo brasileiro. A Caixa Seguridade teve um faturamento de R $35,9 bilhões em 2020, um crescimento anual de 13,1%, com receitas operacionais, nesse mesmo ano, somando R $2,2 bilhões, com alta de 7,9%; o lucro líquido bateu a cifra de R $1,8 bilhão.
O processo da venda das ações da Caixa Seguridade é mais um passo da direita golpista no sentido da privatização do único banco 100% público no país. Além do setor de seguridade do banco, a direção da Caixa já manifestou o seu interesse em abrir o capital, também, dos setores de Cartões e Loterias, bem como em transferir a administração dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para os banqueiros privados e transformar a CEF em Sociedade Anônima (S/A), com o objetivo de atender os interesses dos capitalistas nas bolsas de valores.
Uma questão que chama a atenção, é a forma pela qual as direções sindicais dos trabalhadores estão organizando as “mobilizações” dos trabalhadores da Caixa, de forma, exclusivamente, virtual. A “assembleia”, que já deixou de ser presencial desde o começo da pandemia do coronavírus, deixou de contar, mesmo que virtualmente, com a presença dos trabalhadores, passando a ser apenas de forma remota de “consulta assemblear”, sem qualquer forma de discussão, como tradicionalmente são feitas assembleias das categorias dos trabalhadores, com informes, debates, defesas contra e favor da greve, etc.
Tudo bem que a luta pode se desenvolver de diversas formas, mas nenhuma delas pode substituir uma grande mobilização de toda a categoria, uma agitação real, de massa, nos espaços públicos, com os sindicatos abertos com objetivo de atender a demanda dos trabalhadores. Afinal de contas como barrar aqueles fura-greves, que ao retornarem ao trabalho ponham em risco o sucesso do movimento paredista!?
O que há, na verdade, por trás dessa política é a paralisia dos sindicatos, que em sua esmagadora maioria insistem na política de isolamento, mantendo as entidades fechadas, quando milhares de trabalhadores estão em seus locais de trabalho. Essas iniciativas das direções sindicais vêm evoluindo em um sentido verdadeiramente grotesco. São eleições sindicais virtuais, assembleias virtuais e, até greve virtual como vimos em algumas categorias.
A única maneira de combater a ofensiva reacionária do governo dos banqueiros é se houver luta real, claro que se deve usar as redes sociais (e demais meios disponíveis) para uma intensa agitação, que se traduza numa mobilização real. Esta mobilização, por sua vez, precisa se dar no âmbito de uma luta igualmente real. A repetição de erros já cometidos, de tirar a figura dos trabalhadores da luta da categoria em favor de um movimento sem os trabalhadores é também um caminho muito seguro para a derrota de qualquer luta.
Nesse sentido é necessário organizar uma luta efetiva dos bancários da Caixa, com assembleias presenciais, logicamente tomando todos os cuidados sanitários, em locais abertos com distanciamento social, máscaras, álcool gel, etc.; abrir os sindicatos, medida de fundamental importância nesse momento em que os patrões estão se utilizando da pandemia para aumentar os ataques aos trabalhadores; preparar comitês de greve em todos os locais de trabalho; unificar a luta de toda a categoria bancária, que vem sofrendo com a política de arrocho salarial, demissões, assédio moral para cumprir metas, lutar pela vacinação já, medidas sanitárias nos locais de trabalho, etc., ou seja, uma verdadeira luta para barrar os ataques dos banqueiros e seus governos.