Na manhã de domingo (28), a Policia Militar de Salvador, na Bahia, empunhando seus fuzis, ameaçou prender os militantes do Partido da Causa Operaria e dos Comitês de Luta que realizavam o seu mutirão no Bairro da Paz. Durante o mutirão, que ocorre todos os domingos no local, um sargento da PM, com abordagem tipicamente truculenta e ditatorial, interrompeu a atividade e afirmou que conduziria os companheiros à delegacia e apreenderia todo o material, como caixas de som, panfletos, jornais etc., caso os militantes não interrompessem a atividade e não fossem embora.
É importante ressaltar que os mutirões dos Comitês e do PCO ocorrem todos os domingos em dezenas de cidades do Brasil inteiro e têm como tema central e objetivo, o de divulgar e estimular a candidatura do ex-presidente Lula e expressar a indignação popular, em relação ao atual presidente fraudulento Bolsonaro, que está fazendo do País um gigantesco cemitério de mortos pela Covid-19. Os militantes conversam com as pessoas nas ruas e nos locais onde a população costuma comparecer aos finais de semana, como por exemplo parques, terminais rodoviários, feiras livres e outros, esclarecendo a situação catastrófica e absurda que vivemos nos dias atuais.
Inclusive a atividade que acontece há alguns meses e vai diretamente ao encontro de uma declaração da maior liderança do Partido dos Trabalhadores, Lula, que semanas atrás em uma entrevista para a TV 247 convocou a militância do partido a sair às ruas contra o desastre anunciado que vem sendo a pandemia, o golpe de Estado e o fascista que se encontra no poder. “Precisamos nos mexer. Não dá pra ficar só no zoom chorando. Pega um jornalzinho e vai entregar na feira. Precisamos conversar com as pessoas… Eu tô sem paciência.” afirmou o ex-presidente.
Mostrando uma clara contradição em relação à tentativa de intimidação sofrida pelos ativistas, os policiais alegam que são as medidas adotadas pelo governador do Estado da Bahia, Rui Costa do PT, no combate à pandemia. Os agentes anunciam o “lockdown” para interromper o mutirão e ameaçar os militantes de prisão. No entanto durante as filmagens registradas no momento da abordagem, é possível ver grande circulação de pessoas, até por ser um local onde a população baiana para fazer suas compras alimentícias, em mercados e pequenas bancas nas calçadas. Sem falar de metrôs, ônibus e trens lotados nas milhares de cidades do Brasil, que em Salvador por falta de medidas concretas contra a pandemia que não é diferente.
Mas o que mais impressiona é o fato de que o falso fechamento do comércio, além de ser uma medida abstrata e como vem sendo desenvolvida, de uma certa forma, ela é completamente inócua, os governadores insistem em levar adiante. Visto que os governantes federais, estaduais e municipais não fizeram absolutamente nada para combater a crise sanitária no país. Portanto o lockdown é uma política interessante para eles, pois ela é quase gratuita para a burguesia, que é o principal motivo para ser a única medida a ser tomada. E para aplicar a política do isolamento os governadores fazem com base na repressão.
E como já defendido por este Diário, lockdown para uma pequena minoria da população, sem auxilio emergencial de no mínimo R$ 1.100 é uma politica totalmente impopular, impossível, de direita, farsesca e serve apenas para reprimir o povo. Contudo, apesar de a esquerda pequeno-burguesa defender cegamente essa política, assim ficando a reboque dos golpistas, não existe isolamento social sem gastos: os pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos em geral realmente ficam sem qualquer meio de sustento.
Entretanto, o governador do PT na Bahia vai na contramão do que se deveria ser alguém que faz parte de um partido que se diz minimamente de esquerda, segue a politica reacionária da burguesia e atenta contra os direitos democráticos do povo brasileiro em nome de um falso combate à pandemia. Diante da crise econômica e politica que tensiona e aumenta a cada dia fica óbvio que lockdown é uma medida contra a população pobre, negra e marginalizada. Tanto é assim que movimentos e militantes que estão fazendo campanha, contra o governo genocida que matou mais de 320 mil pessoas até o momento, e pela candidatura do presidente mais popular do pais sofrem repressão. Lula presidente deveria ser para alguém do mesmo partido um tema e uma ação mais do que urgente.