No último sábado, 27, o governador “científico” João Doria (PSDB-SP) instaurou um decreto que classifica a educação de ensino básico nos âmbitos privado e público como serviço essencial durante a pandemia. O intuito, segundo o documento, é abrir a escola para as crianças que precisam merendar, e para aquelas que não possuem equipamentos adequados para o acompanhamento das aulas online no EAD (Ensino à Distância).
Quer dizer, de maneira escancarada, o governador da direita em SP impõe condições à maioria esmagadora dos filhos da classe trabalhadora pobre, obrigando-os a correr riscos de contágio na escola para poderem comer. Além disso, a grande maioria dos estudantes da rede pública não possui estrutura adequada para acompanhar as aulas pelo sistema EAD e, dessa forma, é forçada a enfrentar a maior fase de contágio e mortes por coronavírus que o estado já enfrentou, e que passa de 1000 mortes por dia. Há três dias atrás o estado passava de 70 mil mortos pela doença e lidera o ranking nacional isolado, seguido do Rio de Janeiro, chegando a quase 40 mil mortes.
Doria está lançando as crianças para a morte e, além disso, assassinando a classe trabalhadora nos setores da educação pública. Desde que foi decretada a volta das aulas presenciais em 2021 em São Paulo, já foram infectados, desde 1º de fevereiro, cerca de 2 mil pessoas entre profissionais da educação e estudantes no setor público da educação de ensino fundamental e médio. Desses, 29 vieram a óbito. Esses dados são do começo do mês de março, divulgados pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Doria costuma dizer que Bolsonaro é indecente e, nos últimos dias, declarou que ele teria cometido um “ato criminoso” ao vetar a compra de vacinas. Entretanto, quer passar a imagem de alguém decente, mesmo decretando a educação como serviço essencial, algo que extrapola em muito o absurdo. O governador da direita dita “científica” comprova mais uma vez que é tão genocida quanto o golpista Bolsonaro, a quem acusa de “negacionista”. Mais vale para ele os trabalhadores e estudantes correrem o risco de se infectarem e morrerem do que o bolso dos empresários correr o risco de diminuir.
O governo de São Paulo, à serviço dos capitalistas, usa da hipocrisia autoritária do “lockdwon” para barrar as atividades coletivas que lhe interessam. Pois bem, para a direita, aglomerações dos trabalhadores pobres em transportes coletivos entupidos é completamente normal e possível. No entanto, sair para protestar e denunciar que a população está jogada para morrer de fome e doença nas filas dos hospitais é considerado um atentado contra a vida.
Diante da situação, é preciso mobilizar os trabalhadores da educação junto aos sindicatos da categoria, aliados aos estudantes e suas entidades, para exigir que a volta às aulas presenciais só ocorra após toda a população ser vacinada. Bem como é preciso combater o modelo de EAD, que rebaixa ainda mais a qualidade do ensino e aumenta a exclusão dos estudantes mais pobres.