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Política em prol do golpe

Não existe frente ampla sem traíras e inimigos do povo

Em entrevista ao UOL, Jean Wyllys sai em defesa de frente com Huck e Doria

A devolução dos direitos políticos de Lula e o fato dele ser destacado como favorito nas eleições contra Jair Bolsonaro não se mostraram o suficiente para conter a esquerda pequeno-burguesa e sua disposição a se adaptar ao regime golpista.

Após o PCdoB chamar para seu aniversário de 99 anos figuras como Rodrigo Maia e Baleia Rossi, no lugar do principal líder popular dos trabalhadores, o ex-presidente Lula, agora foi a vez de Jean Wyllys, o ex-deputado que fugiu do Brasil em vez de enfrentar a extrema direita, declarar apoio a formação de uma frente ampla com João Doria e Luciano Huck, para “combater a extrema direita”.

A frente ampla “deve ser ampla mesmo, com Doria e Huck inclusive”

Em uma entrevista diversificada para o Portal Uol, Jean Wyllys, falou de tudo, desde a importância da esquerda brasileira acompanhar o programa Big Brother Brasil, da Rede Globo, a até mesmo as suas conquistas individuais ao morar no estrangeiro. Contudo, o que aparentava ser uma entrevista casual, sem grande relevância política, tornou-se uma verdadeira campanha pela frente ampla com os golpistas em um momento onde a ditadura no país se aprofunda diariamente.

Ao ser questionado sobre se acreditava que “a união ‘das esquerdas’ é a única saída possível para o cenário que temos em 2022”, Jean Wyllys não pestanejou e declarou que “frente ampla não se faz só com PT, PSOL, PCdoB e partidos nanicos de esquerda. A frente ampla contra o fascismo deve ser ampla mesmo, com Doria e Huck inclusive”.

Nesse sentido, é importante frisar que ambas as figuras citadas não são meros direitistas, mas sim dois dos principais apoiadores do golpe de estado, ou seja, do regime político que serviu para retirar os direitos democráticos de Lula e de toda a população, e que também, agiu ativamente para eleger Bolsonaro – Huck chamou voto, e Doria se lançou como Bolsodoria em 2018 – impulsionando a extrema-direita fascista, justamente a mesma que fez com que Jean Wyllys fugisse do país.

E Lula?

Wyllys, é obrigado a admitir que não há como abandonar o PT nesta frente – “não existe frente ampla sem o PT” – contudo, apela para que o principal partido da esquerda brasileira venha a “fazer concessões e rever seus dogmas”. O intuito é claro, para Wyllys e o restante da esquerda pequeno-burguesa, o PT deveria se abster de ter um programa próprio, fazer a chamada “autocrítica”, e lançar-se por completo nos braços da burguesia. Porém, para este processo poder ser realizado, a única maneira viável seria retirando o próprio Lula das eleições e da linha de frente da disputa política.

O ex-deputado do PSOL busca tratar com naturalidade, apresentar que a união com os golpistas seria uma política “óbvia”, quando na realidade, é um completo absurdo. Como visto em todo último período, é justamente os políticos do chamado “centrão”, que são a base de sustentação de todo governo. Bolsonaro é um fascista, e sua base de sustentação, seria o que então?

Pois, para Jean Wyllys e a esquerda frenteamplista, uma coisa não teria nada a ver com a outra. Em nome da luta sagrada pela “democracia”, está permitido até mesmo se aliar com os ditadores para lutar contra o “inimigo maior”.

Uma política sem princípios

O que Jean Wyllys e seu partido se propõem a fazer não é mobilizar a classe trabalhadora, mas sim, se adaptar à ditadura do capitalismo e se apoiarem nela para lutar pela volta de uma “democracia” que da fato nunca existiu. O PSOL, busca dessa maneira justificar a união com os partidos da ditadura, enquanto esconde que sua principal política é eleitoral, só apoia a frente ampla pois ela é uma barreira a seu principal concorrente na esquerda, o ex-presidente Lula, que é na prática o principal inimigo da frente ampla, se apoiando na mobilização popular para enfrentar os golpistas, e os próprios frenteamplistas de conjunto.

A frente ampla apenas existe com uma aliança com os golpistas, e busca encobrir uma política de total adaptação ao golpe de estado por parte da esquerda pequeno-burguesa. Impedir a candidatura mais popular dos trabalhadores para se juntar aos golpistas é trair a população, a política de frente ampla é na prática a política de manutenção de todo regime golpista.

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