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Campo de concentração

Xuxa quer presos como cobaias: “Que sirvam para alguma coisa”

Para Xuxa, assim como para direita presos devem ser tratados pior que animais e devem morrer sem direitos

Na última sexta-feira (26), a empresária Xuxa Meneghel participou de uma transmissão ao vivo pelo Instagram para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro sobre testes em animais. Na live, Xuxa, supostamente uma defensora dos animais, propôs que testes de remédios e vacinas sejam feitos em presidiários, e não animais, já que estes estariam presos esperando morrer e que antes disso poderiam “servir para alguma coisa”.

“Se são pessoas que já está provado, que vão viver 60 anos na cadeia, 50 anos na cadeia, e vão morrer lá, acho que poderiam usar um pouco da vida delas pelo menos para ajudar algumas pessoas, provando remédios, provando vacinas, provando tudo nessas pessoas para ver se funciona, entendeu? Essa é a minha opinião, já que vai ter que morrer na cadeia, que pelo menos sirva para ajudar em alguma coisa.”

A colocação da ex-apresentadora de TV chocou alguns setores da esquerda, sobretudo os ligados ao movimentos negro. A surpresa talvez se deva por ela ser um elemento que se diz anti-Bolsonaro, no que seria para a esquerda o grande indicador de que alguém é seu aliado, tendo sido este mesmo critério adotado para classificar João Doria e Luciano Huck. A grande crítica do bolsonarismo, Xuxa, apresentou de forma bem clara uma das  políticas da burguesia e extrema direita, sobretudo a bolsonarista, para o povo: tratar os presos como animais sem nenhum direito.

Ou melhor, tratar os presos pior do que animais, já que até mesmo os animais, como defende a ex-apresentadora, teriam direito de não servirem de cobaias para testes científicos. Isto não é nenhuma surpresa, é assim que a burguesia trata os encarcerados, as barbaridades cometidas pelo estado e pelo seu aparelho repressivo dentro dos presídios beira à desumanidade, é de conhecimento geral a verdadeira tortura sofrida por aqueles que são presos no Brasil, desde celas lotadas e falta de água e comida até unhas e dentes arrancados com alicate por agentes penitenciários.

Pois bem, como se não fosse suficiente viver em um campo de concentração nazista, e sem falar no verdadeiro matadouro em que se transformaram as penitenciárias com a pandemia, estas pessoas também devem ser usadas para cobaia em testes médicos, de remédios e vacinas.

A colocação de Xuxa é bastante simples e prática e expressa exatamente como a burguesia pensa e age em relação a classe trabalhadora: ora, se vão morrer mesmo que tenham alguma utilidade para a burguesia antes disso. Esta é a mesma lógica para milhares de trabalhadores estarem sendo obrigados a trabalhar em péssimas condições e sujeitos a transportes lotados em meio à uma pandemia exposto ao vírus que já matou mais de 300 mil pessoas.

Não é nenhuma sandice da Xuxa. É o que é, não há mal entendido ou colocação mal feita. É o que pensa a burguesia inimiga da classe trabalhadora como sempre foi; com a diferença que os ataques da burguesia vão muito além de declarações, são postas em prática diariamente com o desemprego, a miséria, a repressão, etc.

Apesar de não existir pena de prisão perpétua no Brasil e a maior pena neste sentido não possa passar dos 40 anos de prisão (antes 30 anos, expandida para mais 10 anos pelo governo Bolsonaro), ou apesar de não haver previsão de pena que imponha aos presos se submeterem a qualquer tipo de teste ou trabalho forçado e até mesmo à tortura, a realidade que a burguesia impõe aos presos é oposta: as penas cumpridas são muito maiores que as condenações, a tortura e o trabalho forçado são regra. É natural que alguém como Xuxa, muito longe da classe trabalhadora e suas mazelas proponha então que já que é assim, porque então não fazer também testes nestes indivíduos?

É preciso ter claro que não se trata de um problema moral, de ser certo ou não, de ser moralmente reprovável. Como tudo, isto também parte de um problema concreto, a luta de classes, que deixa claro o motivo para achar que presidiários podem ser ratos de laboratório. A população carcerária do Brasil é gigantesca, beira um milhão de pessoas, isto não quer dizer que o brasileiro tenha herdados os genes dos criminosos portugueses mandados para a colônia, nem que o brasileiro seja culturalmente criminoso ou vagabundo, com o “jeitinho brasileiro” ou o “país da corrupção”.

A criminalidade não é um fenômeno moral, é um fenômeno social. É para onde os trabalhadores e os setores mais oprimidos são empurrados pela burguesia que esmaga a população. Não é por acaso que quem lota as penitenciárias são os setores vindos da classe trabalhadora. Levantamentos dos números relacionados ao encarceramento deixam bastante evidente como as prisões são uma arma da burguesia contra a classe trabalhadora principalmente os setores mais precários: 61,7% dos presos são pretos ou pardos, 55,8% são jovens de 18 a 29 anos de idade, 53% possuem ensino fundamental incompleto. Quanto ao trabalho, a grande maioria estava desempregada (45%) ou em trabalho autônomo (35%) quando foi presa, contra apenas 4% com trabalho formal registrado.

O retrato é claro, os presídios são um reduto para a burguesia se livrar dos “indesejados”, os quais não está por alguma razão explorando a força de trabalho, sobretudo pela falta de vagas de emprego e profissionalização e que por isso encontram uma atividade no crime, daí porque são negros, jovens e desempregados o principal perfil.

O Estado quando toma a “tutela” do preso é responsável por todas as suas necessidades e condições, mas podemos dizer que, aos moldes dos campos de concentração são jogados para receberem os mais desumanos e cruéis tratamentos possíveis por parte dos fascistas que a mando do estado burguês controlam estas instituições, o que é colocado em prática pela burguesia de conjunto, desde a extrema direita carniceira até a direita “científica” e “civilizada”.

A luta contra a repressão, o fim da PM, contra o encarceramento da juventude, dos negros e finalmente dos trabalhadores é primordial para a classe operária contra a burguesia que ameaça diariamente a população pela repressão e se valer do seu poder, ainda que arbitrário, para prender, torturar, matar, e, para certas estrelinhas da impressa burguesa, já que tudo isto é permitido não faria mal algum também serem envenenados no lugar dos ratos, algo que nem o fascista Jair Bolsonaro, a quem Xuxa os setores da “direita civilizada” dizem divergir, havia proposto.

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