Na última quinta-feira, o militante ecossocialista do PSOL Thiago Ávila foi preso enquanto cobria uma ação de despejo contra famílias no Distrito Federal, o que está proibido durante a pandemia.
Quem deu a voz de prisão ao militante foi o subsecretário de operações do DF Legal, Alexandre Bittencourt, que alegou “obstrução, calúnia, desacato e difamação” por parte do psolista que filmava a ação.
O caso que ocorreu contra Thiago Ávila tem sido muito frequente nos últimos dias, em que os militantes de esquerda vêm sendo perseguidos e presos justamente por fazerem parte de partidos e movimentos políticos.
Assim como Thiago, militantes do PT já haviam sido presos pela polícia do DF por protestarem, dessa vez, por estenderem uma faixa em que estava escrito “Bolsonaro genocida”, no dia 18 deste mês. Um dos militantes, Rodrigo Pilha, foi transferido para a prisão da Papuda.
Outros casos, como o do garoto de Uberlândia que foi preso por se manifestar contra a passagem de Bolsonaro na cidade, como o de várias pessoas que receberam intimações por terem feito críticas a Bolsonaro, como o do sociólogo de Palmas que foi intimado por ter feito um outdoor em que se lê que “Bolsonaro não vale um pequí roído” e o caso de Felipe Neto que também foi intimado por chamar Bolsonaro de genocida e o do militante André Constantine, que foi preso ao pedir a dissolução da ditadura militar, demonstram que há uma escalada ditatorial no país para tentar impedir que os descontentes com o governo de Bolsonaro possam se pronunciar.
No entanto, ao invés de vermos a esquerda se colocando contra essas arbitrariedades, vemos, na realidade, a postura contrária.
A esquerda continua criando ilusões no judiciário golpista e pedindo que as leis repressivas aumentem, no intuito de que elas atinjam a direita e a extrema direita.
Um dos casos mais sintomáticos dessa postura foi o que ocorreu com a prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira, em que o STF agiu de maneira completamente arbitraria e contra a própria constituição, para prender um deputado em exercício. Em outros casos, a esquerda inclusive tenta acionar o próprio judiciário no intuito de calar seus adversários políticos.
O que a esquerda pequeno burguesa não entende é que a justiça não é algo neutro, mas sim, uma instituição controlada completamente pela burguesia, que tem objetivos próprios e alheios aos dos trabalhadores. O fortalecimento dessas instituições e a crença de que elas possam ajudar os trabalhadores de alguma forma, acabam por fortalecer justamente o mecanismo que irá perseguir e esmagar os trabalhadores.
A única forma de lutar contra isso é através de uma luta nas ruas, contra o sistema antidemocrático que vem sendo imposto e fortalecendo os meios de luta da classe operária, contra o regime dos patrões.