Segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo ideal para que uma família de quatro pessoas pudesse se sustentar no Brasil, deveria ter sido de R$ 5.375,05 em fevereiro. A pesquisa, que considera uma família com dois adultos e duas crianças, revela um número 4,89 vezes menor que o salário mínimo em vigor no mês passado, de R$ 1.100.
Ainda para o órgão, este valor supriria as despesas de um trabalhador e da família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e Previdência. O cálculo é feito sobre o valor das cestas básicas mais caras do país entre 17 estados pesquisados, levantando, no mês passado, que o conjunto de alimentos básicos custava mais em Florianópolis (R$ 639,81). Dentre estas, a cesta básica mais em conta – e extremamente cara – foi registrada em Aracaju (R$ 445,90), seguida por João Pessoa (R$ 484,54), que teve a maior variação percentual no custo da cesta básica, com alta de 2,69%. Sobre a maior redução, o destaque foi para Campo Grande (R$ 551,58), onde o preço caiu 4,67%.
Em fevereiro, o custo geral da cesta básica caiu em 12 das 17 capitais brasileiras analisadas pelo Dieese, contudo, nas outras cinco – Porto Alegre, Curitiba, Belém, João Pessoa e Natal -, o preço aumentou.
Se compararmos o custo da cesta com o salário mínimo líquido, e após o desconto da contribuição para a Previdência (7,5%), vemos que o trabalhador, recebendo hoje o piso nacional, comprometeu, na média, 54,23% de seu salário em fevereiro para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta.
Aqui é preciso lembrar que o Partido da Causa Operária traz em seu programa político a luta pelo salário mínimo em torno destes valores apresentados pelo órgão como algo puramente racional. Isto, é claro, escancara que a burguesia é inimiga da classe trabalhadora, roubando-a todos os dias, meses, anos, enquanto ficam milionários com o suor e sangue da classe que tudo produz.
Sendo assim, as organizações dos trabalhadores precisam abandonar a política reacionária de que não se deve discutir os valores e as necessidades básicas da classe operária, seguindo à risca a propaganda enganosa da direita de que a economia brasileira não suportaria nenhuma elevação das condições de vida da classe trabalhadora.
A indicação de R$ 5 mil reais, frente às altas brutais da cesta básica e as condições miseráveis da população, leva em consideração a realidade da vida da classe proletária, que a burguesia esconde – cinicamente -, todos os dias em seus jornais. Mesmo por órgãos oficiais do governo tomado por golpistas, salta os olhos que o salário mínimo deveria ser cinco vezes o atual, ou seja, com o salário existente, o brasileiro está totalmente na miséria. E ainda pior, na atual etapa da crise do coronavírus, somada a crise econômica mundial do capitalismo, pelo menos esse valor deveria ser garantido a todo trabalhador, empregado ou não. Mas, enquanto Bolsonaro deu trilhões aos banqueiros e capitalistas no começo da pandemia, os trabalhadores recebem misérias de R $600 reais, R$ 250 reais, que mal pagam uma única e mísera cesta básica.