Um atentado a bomba contra um acampamento das FARC na Colômbia tem causado revolta e desespero na população do país. No dia 2 de março uma operação conjunta das Forças Militares, com o apoio da Procuradoria Geral da República, teve como resultado um ataque da Força Aérea Colombiana nas proximidades do Rio Ajajú, povoado de Buenos Aires do município de Calamar ( Guaviare). A operação militar assassinou dez membros das FARC e capturou mais cinco membros, que foram feridos e posteriormente evacuados de helicóptero para um centro de saúde. Apesar de ser um verdadeiro massacre contra o próprio povo colombiano, o governo deu como “exitosa” a operação.
Oito dos 10 corpos das pessoas mortas no atentado a bomba foram identificados pelo Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses. Conforme relatado, dois adolescentes de 16 e 15 anos estavam entre os mortos. Os outros sete correspondem a outras três mulheres e quatro homens, supostamente indicados como integrantes de um Grupo Armado Residual sob o comando do pseudônimo ‘Gentil Duarte’, ex-integrante das extintas FARC. A identidade de dois cadáveres ainda não foi estabelecida. As identidades dos demais falecidos seriam: Sebastián Andrés Varón Rojas, 23; Jhonatan Sánchez Zambrano, 19 anos; Alexandra Restrepo Tovar, 25 anos; Yesenia Lorena Joven Vargas, 23 anos; Luisa Fernanda Felantana Quichoya, 19 anos; Harrison Prada Cortés, 20; Manuel Vanegas Vásquez Irían, 30 anos. Também estão os corpos dos adolescentes de 16 anos, cuja família foi identificada como Yeimy Vega Merchán, e Danna Montila de 15 anos.
O Ministro de Defesa, Diego Molano, baseou a “legitimidade” da ação armada no fato de ter sido dirigida contra o conhecido como “Gentil Duarte”, suposto líder da estrutura atacada. Molano disse ainda que o atentado foi legítimo porque o grupo armado irregular que opera na área se caracteriza pelo recrutamento de menores, o que os torna “máquinas de guerra”. “Estamos falando de uma operação que tinha (como objetivo) uma estrutura narcoterrorista que usa os jovens para transformá-los em máquinas de guerra”, disse o ministro. Um discurso abertamente fascista, idêntico ao utilizado pelas mais sanguinárias ditaduras militares que cobriram a América Latina na segunda metade do século passado.
Apesar dos laudos do IML, o jornalista Hollman Morris, que relata o cenário dos acontecimentos, por sua vez, garante que os restos a que se refere a Medicina Legal são os identificados em Calamra – Guaviere. Segundo seu depoimento, haveria corpos desaparecidos transferidos para o município de Villavicencio, no vizinho departamento de Meta, cuja identificação é necessária por meio de exames de DNA. De acordo com o site de notícias Telesur, um grupos de mães se reuniu em frente às instalações do governo, pois têm filhos menores que desapareceram desde o dia do bombardeio. Alguns até afirmam ter certeza de que seus filhos morreram na ação combativa.
Pelo menos duas listas com os nomes dos menores desaparecidos, que supostamente morreram durante o atentado, circulam em Guaviare e já foram entregues às autoridades colombianas. O senador Roy Barreras, que, como em 2019 denunciou o assassinato de vários menores no bombardeio do Exército em Caquetá, investiga a morte dessas crianças e adolescentes nesta nova operação do Exército também. Em seu Twitter ele afirma, “No momento, estamos investigando as reclamações de pais que relatam uma dezena de crianças desaparecidas e, aparentemente, 4 delas mortas no atentado de 2 de março em Guaviare. Há 4 corpos no necrotério Villavicencio ”. Barreras alertou que dois dos falecidos, apresentados pela Medicina Legal como cidadãos de 19 anos, teriam na realidade 10 e 16 anos, tomando como referência os seus documentos de identidade, que registrou na sua queixa.
Não é de hoje que membros e ex-membros das FARC são perseguidos e assassinados na Colômbia. Desde a assinatura do acordo de Paz em 2016 onde o grupo resolveu deixar as armas, os crimes contra ex-combatentes e lideranças sociais tem aumentado significativamente no país. Já são mais de 260 ex-FARC assassinados, e mais de 1145 líderes sociais mortos desde lá, somente em 2021 foram mortas 21 lideranças. Os massacres na Colômbia tem também tomado proporções gigantescas: em 2021 já aconteceram 16 massacres, o último aconteceu no dia 7 de março, no município de Ábrego, deixou ao menos 5 mortos e pelo menos 4 pessoas feridas. Esses crimes contra a própria população tem mostrado o quão terrorista e genocida é a ditadura colombiana. Ataca, mata e bombardeia o próprio povo.
É importante lembrar, que a Colômbia é há décadas uma ditadura fantoche do imperialismo principalmente dos norte americanos, sendo assim se tornou uma base e um ponto de apoio dos Estados Unidos para desestabilizar governos e dar golpes de Estado em todo continente latino americano. Nos últimos meses o governo autoritário e ditatorial do país comandado por Iván Duque tem anunciado a compra de vários equipamentos e materiais bélicos incluindo caças, e tanques de guerra, enquanto a maior parte da população passa fome e vive na miséria. A desculpa utilizada para fortalecer e ampliar o braço armado do estado, com aval e apoio dos EUA, é de que estariam na luta para combater o narcotráfico e terrorismo.
Fica claro que esse armamento e reforço do exército e militares colombianos, tem como objetivo aprofundar a ditadura contra o povo, e ameaçar e atacar ainda mais países vizinhos como é caso da Venezuela, que vem há tempos denunciando tentativas claras de invasão e de até mesmo assassinato por parte do governo da Colômbia contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Vale ressaltar que essas medidas e crimes contra a humanidade, como o bombardeio contra menores, no início desse mês praticados pelo capacho do imperialismo Duque, não se vê a imprensa capitalista denunciando esses crimes e dando nomes aos bois. É interessante também que aqueles organismos internacionais, como a ONU por exemplo, que adoram caracterizar Maduro como um ditador não falam absolutamente nada em relação a Iván Duque e suas ações criminosas.