Hoje, terça-feira 16 de março de 2020, seria o aniversário de 80 anos do cineasta italiano Bernardo Bertolucci. Nascido em Parma, o idealizador de obras icônicas como “O Último Imperador” e “1900” era filho de Attilio Bertolucci, poeta, historiador e crítico de cinema, e Ninetta, que era professora. Bernardo se viu desde cedo envolto em um ambiente repleto de referências históricas e artísticas. Devido a isto, talvez, o menino começou a escrever profissionalmente aos 15 anos de idade e logo foi reconhecido, ganhando diversos prêmios literários. Em seu primeiro livro, recebeu o Premio Viareggio, uma das mais importantes conquistas literárias para um escritor italiano.
Deixando de lado um pouco a literatura, trabalhou posteriormente como assistente de direção e, quando teve a oportunidade, dirigiu seu primeiro filme “La commare secca”. Entretanto, somente obteve reconhecimento a partir de seu próximo projeto “Antes da Revolução”. Foi através dele que Bernardo passou a expressar seu estilo político e revolucionário. Comunista, o diretor fora diretamente influenciado por outro marxista da época: Pier Paolo Pasolini, quem conheceu quando ainda era assistente de direção. Ambos fizeram parte da última seara de italianos que fizeram cinema político com um viés de esquerda. Há, inclusive, quem diga que Bertolucci seja um produto do movimento Neorrealista italiano, ocorrido após a Segunda Guerra Mundial.
Suas obras retratavam a realidade através de sua ótica política. Seu filme “O Último Imperador”, por exemplo, retrata a vida do último imperador da China, que é enviado à um gulag soviético após ser capturado pelas tropas do país em 1945. Lá ele fica ate a vitória comunista de 1949, onde é devolvido a seu país de origem. O filme retrata, através das memórias do imperador, sua infância, isolamento e crescimento político. Após ser libertado, o governante é enviado para um presidio de reeducação chinês até 1959, onde passa a ter uma vida comum em Pequim trabalhando como jardineiro e bibliotecário. Outras obras como “1900”, que retrata a história de dois meninos criados em uma propriedade agrária da Itália do Século XX, acompanhando a ascensão e queda do governo fascista de Mussolini. Bem como “Os Sonhadores”, que mostra as manifestações estudantis e operárias de maio de 1968 e a dualidade política inerente à sociedade desde os primórdios da história recente.
Bertolucci passou a ser perseguido politicamente pelo imperialismo por conta de uma cena de outro de seus filmes, “O último tango em Paris”, este qual, enfim, acendeu a última vela da cerimônia que o consagrava como um dos maiores diretores e artistas do cinema da história mundial. Único à seu modo, comprometeu-se com a luta dos trabalhadores e deixou um legado de severas e importantíssimas criticas políticas a qual todos deveriam dar atenção.