Em plena pandemia, o governo Bolsonaro não se furta de intensificar as ameaças aos indígenas e demais minorias pelo Brasil. André Luiz de Almeida Mendonça, ministro da Justiça e Segurança Pública, autorizou o emprego da Força Nacional para apoiar o Estado do Mato Grosso do Sul por 30 dias, em ação nos municípios de Caarapó e Dourados, respectivamente distantes 267km e 235km da capital. Com a desculpa de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, combater o tráfico de drogas, armas e munições, sempre com policiamento ostensivo, a Força Nacional, nesta região de intensos conflitos agrários, irá mesmo é amedrontar os índios da região em prol dos latifundiários.
O estado do Mato Grosso do Sul deve prestar apoio e infraestrutura à operação, cujo efetivo total não foi informado. Estabeleceram um prazo máximo de sete dias, a partir da publicação da portaria, para que a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e a Polícia Federal definam, em conjunto com a Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública, “as linhas de ação necessárias à avaliação e à atuação complementar da FUNAI e da PF, para os casos do emprego em terra indígena”.
Não é a primeira vez que o governo federal, com apoio do governo estadual, envia a Força Nacional para os municípios de Caarapó e Dourados. Em 2016, cerca de 300 índios da Guarani e Kaiowa ocuparam uma parte da fazenda Yvu, localizada em Caarapó, reivindicando a área como parte das terras indígenas Dourados-Amambaipeguá I. A demarcação dessa área está atrasada desde 2007. Ao tentar retomá-la, os latifundiários já feriram vários índios, com o assassinato de um deles em 2020, o índio Clodiodi Souza.
Os governos Federal e Estadual não têm nenhum interesse em fazer a devida demarcação das terras. Pelo contrário, a mantém atrasada há mais de dez anos, sempre prorrogada por dezenas de atos de corrupção da burocracia estatal por parte dos latifundiários. No entanto, quando é para ameaçar os indígenas com morte, violência e expulsão de suas terras eles são os mais rápidos possíveis.
É preciso organizar no Brasil os comitês de autodefesa dos índios contra os ataques violentos dos latifundiários e seus jagunços, protestando e denunciando ainda a omissão e submissão da Justiça, assim como se deve denunciar também todo o aparelhamento dos órgãos estatais encarregados pela demarcação de terras e proteção dos índios, hoje lotados de fascistas, que desmontam esses órgãos e expulsam os funcionários públicos competentes e representantes dos índios, quilombolas e todas as classes oprimidas do campo.