Informações divulgadas na imprensa sobre a crise sanitária vivida no mundo, colocam o Brasil e em especial o estado de São Paulo como o epicentro mundial da pandemia de Coronavírus. Com mais 278 mil mortos no país, ultrapassamos os Estados Unidos e temos um em cada cinco mortes diárias por COVID no mundo.
Ao contrário dos demais países que – por hora – veem os óbitos diminuírem, a epidemia no Brasil se agrava dia a dia com o aumento da média móvel de óbitos. Na última semana ultrapassamos 2 mil mortes diárias por três dias consecutivos e estamos em primeiro lugar no ranking de registros de novos casos diários com mais de 76 mil novos contaminados.
A situação brasileira de perspectiva é de agravamento de contaminações e o aparecimento de novas variantes do vírus, levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar que o Brasil representa “um risco para todo o mundo”, colocando em risco a eficácia da vacinação mundial.
O Estado de São Paulo destaca-se neste cenário macabro por acumular o maior número de casos e mortes no país. Desde domingo (07/03), contabiliza-se mais de 64 mil mortes pela doença, com a média – neste momento – de 364 óbitos por dia. Um óbito a cada 3 minutos, no estado mais rico da federação. Se fosse um país, São Paulo ocuparia o 11º lugar no número de mortos no planeta.
Os números assustadores de casos e mortes associado às notícias de saturação da rede hospitalar pública e privada, são reveladores quanto à ineficácia de todas as medidas até agora tomadas pelos governos estaduais e federal no combate à pandemia.
O Brasil se encontra em faixa vermelha de ocupação de leitos em quase todos os estados e com prenúncio de colapso total segundo é noticiado.
A imprensa divulga que a taxa de ocupação em todo o território paulista chegou a 87,6% nesta sexta-feira, sendo que na capital o índice é de 89,4%. Atualmente há mais de mil pessoas na espera por vagas em hospitais.
Estes são os dados oficiais, porém uma breve busca nesta mesma imprensa encontraremos diversas denúncias de ausência de leitos tanto em enfermarias como em UTIs, além dos números oficialmente divulgados.
O próprio estado se contradiz ao afirmar que não existem mais vagas e o colapso é iminente quando afirma que os 21 hospitais estaduais estão com a capacidade esgotada.
A médica Eloisa Bonfá, diretora clínica do Hospital das Clínicas (HC), principal hospital de referência do Estado de São Paulo, afirma que a unidade, para onde são encaminhados somente os casos de extrema gravidade, aumentou de 84 para 300 o número de leitos de UTI ao longo da pandemia. Levando em conta as vagas de enfermaria, são 465 leitos dedicados somente para a covid-19. Atualmente, 93% deles estão ocupados. Segundo ela, isso “significa uma saturação completa”.
Uma das causas do aumento de mortes é que somente os casos mais graves tem assistência hospitalar, elevando para 50% a taxa de mortes em UTI. “Quem vai para a UTI, metade morre”, explica o professor Carlos Magno, médico epidemiologista da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu.
“Nós estamos numa situação extremamente critica, e remando ao contrário do mundo. O hospital está com 100 % de ocupação de leitos e que pacientes que deveriam estar na UTI estão em enfermaria”.
No Estado já foram registrados pelo menos 45 pacientes morreram à espera de vaga em Unidade de terapia Intensiva, segundo os dados oficiais.
Enquanto os números aumentam, o que todos os governadores sem exceção propõem é o isolamento social (feitas parcialmente) e medidas restritivas de ocupação e funcionamento do comércio as quais a população não mais aceita pela evidente ineficácia no controle da pandemia e pela falta de outras medidas que a viabilizem como o devido auxílio emergencial para todos os trabalhadores, pequenos comerciantes etc., que teria de ser de – pelo menos – um salário mínimo.
No caso de São Paulo, o governador que se alçou ao título de “ científico” em oposição ao negacionista Bolsonaro, o que se viu e continua a ver desde o início da pandemia, é a teatral campanha publicitária eleitoreira visando obter dividendos eleitorais e preservar os poderosos interesses econômicos dos monopólios que controlam o Estado.
O fecha e abre de comércio, a perseguição aos ambulantes, o transporte público sempre lotado são características da situação, enquanto os mortos se acumulam.
João Dória ao mesmo tempo em que dizia combater a pandemia, impôs a reabertura das escolas levando os professores a uma necessária greve para tentar impedir o genocídio anunciado.
Diante do colapso total e risco de explosão social, mais do velho é o que Dória e os demais governadores propõem. Ressurge o “fique em casa” tão apreciado pela classe média e as incontáveis variantes de pseudo lockdown, enquanto a necessária vacinação em massa fica a cada dia mais distante.
Na certeza de que as medidas são ineficazes para conter o avanço da pandemia investe-se pesado na transferência de responsabilidade. A culpa é do povo!
Somos culpados por ter que trabalhar e consequentemente se contaminar, somos culpados por não usar a máscara adequadamente, por aglomerar nos mais diversos lugares estando fora destas aglomerações as milhões de pessoas que circulam no metrô de São Paulo diariamente.
João Dória, demais governadores e Bolsonaro são na verdade farinha do mesmo saco. Seu único compromisso é com aqueles aos quais representam e que não é o povo e sim o capital. O lucro acima da vida.
Não existe alternativa à população a não ser tomar as ruas e exigir vacina, renda e leito hospitalar.
Derrubar o governo golpista de Bolsonaro, Doria e seus comparsas é uma questão de vida ou morte para o povo brasileiro.