Seguindo a mesma linha de marketing adota pela Magazina Luiza e pelo Boticário, a Avon agora promove uma demagógica política de inclusão para negros que, segundo a empresa, ocuparão 30% dos cargos de chefia de uma das gigantes do ramo de cosméticos. O resultado prático dessa ação de propaganda feita pela Avon, assim como os exclusivos programas de trainees para negros da Magazina Luiza e o abandono do termo “black friday” por parte do Boticário só poder ser um: nenhuma mudança real para o povo negro.
Inimigos ferrenhos e declarados do povo operário, os capitalistas seguem com o chicote da opressão econômica em riste contra as costas do povo trabalhador, em contrapartida, na outra mão, carregam a cartilha do identitarismo. A cartilha identitária amplamente utilizada pela burguesia nada mais é do que um verniz colorido colocado nos alicerces do sistema capitalista. Uma ilusão criada para conduzir um desnorteamento político sobre a concretude das ações perpetradas pelos capitalistas contra os povos oprimidos ao redor do mundo.
Acreditar que as empresas citadas acima possuem qualquer apreço ou ainda, qualquer ponderação frente as demandas reais do povo negro é no mínimo, pueril. A Magazine Luiza está intimamente ligada a diversos ataques contra a legislação trabalhista, já o dono do Boticário é um ferrenho apoiador de Jair Bolsonaro, consequentemente, apoia também políticas neoliberais que submetem o povo brasileiro, em sua maioria negro, ao mais brutal processo de liquidação das suas condições de vida. Dessa forma, qual peso um programa de trainee e a recusa de um termo possuem dentro desse panorama?
A luta identitária é uma demagogia e um engodo para incautos e é facilmente cooptada pela política burguesa. De resultado concreto? Absolutamente nada. Uma propaganda de marketing aqui, uma camisa com frases de efeito ali, a criminalização de um termo qualquer acolá. Diametralmente oposta, a luta de classes é inconciliável e demanda uma verdadeira guerra contra os capitalistas e os opressores, não só do povo negro, mas das massas operárias de todo o mundo. Nesse sentido, a demanda real do povo negro consiste na melhoria geral das condições de vida do povo operário, em melhores salários, uma política de amparo social mais ampla, o fim das polícias que promovem um verdadeiro massacre contra o povo trabalhador nas periferias, o fim do encarceramento em massa dos pobres.
Ademais, o identitarismo dá um novo suporte para o desenvolvimento de uma política conservadora proposta pela burguesia, mantendo as opressões políticas, econômicas e sociais imutáveis dentro do sistema capitalista. Não existe inclusão possível dentro do capitalismo, o mesmo tem que ser destruído e não reformado a partir da distribuição de migalhas dos capitalistas. As engrenagens que moem os negros continuam funcionando incessantemente e o identitarismo e sua política totalmente ideológica não apresenta a menor capacidade de combate contra as opressões sofridas pelos povos operários ao redor do mundo.