Nesta segunda-feira (8), após decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), pela anulação dos processos da Lava Jato contra Lula, o ex-presidente recuperou seus direitos políticos. Desde a candidatura de Lula à presidência tomou conta do País, obrigando todas as forças políticas a se posicionarem diante desta nova configuração. Foi desta forma que caiu o disfarce dos elementos da chamada frente ampla contra Bolsonaro. Uns silenciaram diante da possibilidade da candidatura de Lula, outros a atacaram, mostrando que na realidade a frente ampla, diante de Lula, não será contra Bolsonaro, mas sim com Bolsonaro.
Houve vários tipo de reação da frente ampla diante da recuperação dos direitos políticos de Lula. Os elementos de esquerda da frente, como o PSOL e o PCdoB, obviamente fizeram demagogia com a vitória de Lula e do povo, mas não falaram nada sobre sua candidatura. Continuam na política do “não é a hora de falar em nomes de candidatos, mas sim em programa”, um verniz esquerdista para sua discordância em apoiar o ex-presidente.
Há também setores mais radicais da frente ampla, como Ciro Gomes, que chamou a possibilidade da candidatura de Lula de “circo”. Para o oligarca do Ceará, Lula só prestaria se desse as dezenas de milhões de votos que tem para que Ciro se elegesse presidente. Do contrário, o ex-presidente não presta. Ele chegou a dizer que Lula não irá ser candidato, dado que as sentenças do Moro foram anuladas, mas ainda há condenações que não foram proferidas por Moro, como o caso do sítio de Atibaia, em que a condenação foi feito pela juíza Gabriela Hardt. Resta saber, será que Ciro Gomes viu os áudios em que o procurador Deltan Dallgnol cobra de Hardt a condenação de Lula, o que mostra que a juíza também estava envolvida na quadrilha da Lava Jato? Ou seja, que todos os processos contra o ex-presidente devem ser anulados e não reiniciados do zero para outro juiz.
A burguesia dispõe de recursos políticos para enganar a população. Ciro Gomes é um dos escolhidos para desempenhar esse papel. Seu discurso nacionalista é uma fachada para esconder seus verdadeiros objetivos políticos. Em 2018, ele teve papel de destaque na manobra golpista que permitiu que Bolsonaro chegasse à presidência da República. Tal como pretende fazer em 2022, sua função era se apresentar como um candidato “de esquerda”, crítico ao “lulopetismo”, acusar os governos do PT de “corruptos” e responsáveis pela crise econômica. O cinismo é tamanho que Ciro diz que o grande responsável por Bolsonaro estar no poder é o PT, devido ao que classifica de “hegemonismo” deste partido.
Direita, imprensa burguesa e mercado
Não foi diferente, obviamente com os setores da burguesia. A imprensa burguesa, como a Rede Globo, teve que mostrar a restituição dos direitos políticos de Lula, mas fez questão de destacar que os processos não terminaram, apenas passaram para outra jurisdição (desta vez em Brasília), onde Lula será julgado novamente. Recrutaram advogados, os ditos “especialistas”, para dizer que os processos poderão tramitar ainda mais rápido do que foram em Curitiba com Moro. Ou seja, deram a notícia, mas em seguida iniciaram novamente a campanha pela cassação de Lula, mostrando que não querem o petista de jeito nenhum.
Outro dado relevante foi a reação das bolsas de valores, ou seja, dos capitalistas e grandes capitalistas especuladores, que a imprensa burguesa chama de “Mercado”. O anúncio da restituição dos direitos de Lula levou à queda de 4%¨do Ibovespa. Matéria do Valor Econômico explica:
“A possível volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva às disputas eleitorais elevou as preocupações do mercado com o risco de um novo cenário de polarização política, que poderia levar o governo a adotar medidas mais populistas de olho na eleição de 2022.”
Por último, nem falar da direita tradicional, como PSDB, MDB, DEM e afins. Em 2018 estes partidos todos apoiaram Bolsonaro para evitar o retorno do Partido dos Trabalhadores ao governo federal. Conforme várias movimentações, como visto nas eleições do Congresso, onde toda a direita tradicional abandonou a candidatura de Baleia Rossi/ Rodri Maia para apoiar o candidato de Bolsonaro. Esta tendência se manifestará ainda mais forte nas eleições presidenciais.
Isto porque a candidatura de Lula coloca em xeque a manobra golpista da frente ampla, que buscava colocar no 2º turno em 2022 um candidato da direita tradicional (Doria, Huck, Moro, Ciro, Mandetta, Marina Silva) vs a extrema-direita bolsonarista. Ou seja, chantagear o povo escolher o “mal menor”.
No entanto, estas duas forças políticas defendem o mesmo programa golpista, neoliberal, da burguesia. Privatizações, retirada de direitos sociais e trabalhistas, austeridade fiscal, ataques às condições de vida das massas, rebaixamento salarial, etc.
Isto explica porque a frente ampla, diferente de toda a manobra dos golpistas, na verdade não era contra Bolsonaro, mas sim contra Lula e o PT. Isto porque a polarização política no país se expressa através do antagonismo entre o PT e Jair Bolsonaro. Lula é uma poderosa arma dos trabalhadores, capaz de derrotar tanto a direita tradicional quanto a extrema-direita nas eleições presidenciais.
