Familiares de detentos equatorianos denunciaram as forças policiais do país por terem cometido um massacre contra a população carcerária. Ao todo a operação desastrosa da Polícia deixou 79 mortos. O episódio teve início nesta terça (23/02) quando os presos da Penitenciária do Litoral em Guayaquil e dos Centros de Reabilitação de Turi na cidade de Cuenca (Azuay) e de Latatunga (Cotopaxi) começaram uma série de motins envolvendo sequestros de agentes penitenciários e confrontos entre os demais internos.
O Serviço Nacional de Atenção Integral a Adultos Privados de Liberdade e Adolescentes Infratores (SNAI) do Equador confirmou na quarta (24) que ao menos 79 pessoas morreram em quatro prisões do país após os motins. O diretor-geral do SNAI, Edmundo Moncayo, declarou que eles são o resultado de uma “disputa interna pelo controle das prisões”, onde existiriam 38 mil detentos vinculados à “organizações criminosas” do País.
Até a última terça a contagem do setor de Criminalística da Polícia havia registrado 62 mortos subdivididos da seguinte maneira:
- Guayas: 21 mortos e dois feridos graves na Penitenciária do Litoral;
- Azuay: 33 mortos no Cárcere de Turi;
- Cotopaxi: 8 mortos em Cotopaxi;
Atualmente este número está em 79 mortos.
Oito mortos foram encontrados na prisão de Latacunga, na província de Cotopaxi, onde cumpre pena o ex-vice-presidente de Rafael Correa, Jorge Glas, preso dentro das investigações do caso Odebrecht.

O ex-vice-presidente liderou setores estratégicos do Equador durante o governo do presidente Rafael Correa (2007-2017) e foi condenado por ter recebido 13,5 milhões de dólares em supostos subornos da construtora Odebrecht.
Ele chegou a ser reeleito vice-presidente na chapa de Lenin Moreno em 2017, e como era um último elo entre o ex-presidente acabou destituído do cargo e preso, abrindo o caminho para a ditadura neoliberal do traidor Moreno.
Glas, assim como o ex-presidente brasileiro, Lula, é mais um preso político do imperialismo, condenado sem provas, como vem acontecendo em diversos países latino-americanos. Recentemente Glas chegou a iniciar uma greve de fome por tempo indeterminado e começou a denunciar que sua vida corre perigo.
O Equador, desde o início do mandato de Lenin Moreno, vive em um regime neoliberal ditatorial. A escalada da repressão policial foi ampliada após a insurreição de 2019, quando o governo Moreno impôs uma intervenção militar aberta para afogar em sangue as manifestações que quase derrubaram seu governo.
O golpista, não satisfeito, também tentou culpar a oposição pelos motins ocorridos nos presídios, insinuando ainda que os protestos de 2019 também teriam sido contratados pelos correístas.
“En octubre (2019), el correísmo contrató a criminales que estaban fuera de las cárceles para provocar los desmanes y distorsionar la legítima aspiración de los indígenas. No nos asombraría que ahora la mano de ellos esté presente. Total, son bastante conocidos”, afirmou.
Por trás da situação existe a possibilidade do governo alegar falta de segurança para a realização do segundo turno presidencial marcado para abril. Não à toa os massacres querem passar a sensação de insegurança do país e serviriam de desculpa para impedir a vitória do candidato da esquerda nacionalista, Adrés Arauz (UNES – Unidade pela Esperança), que é apoiado por Rafael Correa.
O episódio equatoriano mostra mais uma vez que o modelo prisional vigente é um sistema carcomido e podre, assim como todas as instituições criadas pela burguesia para oprimir a classe trabalhadora. É preciso exigir a liberdade para todos os presos e levantar a palavra de ordem pelo fim dos presídios e de todas as forças de repressão do Estado capitalista.





