A direita bolsonarista e os latifundiários do Extremo Sul da Bahia continuam seus ataques contra os assentamentos da reforma agrária na região através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e na última quarta-feira (17/02), as famílias do Projeto de Assentamento Zumbi dos Palmares, no município de Mucuri, foram surpreendidas com uma assembleia organizada pelos bolsonaristas para causar uma enorme confusão e ameaçar as famílias assentadas.
O Incra sob a direção bolsonarista e com servidores claramente contra a reforma agrária organizou uma assembleia com pessoas que não eram do assentamento para ameaçar cerca de 83 famílias que são assentadas há mais de 18 anos no local e que têm sua origem e apoio ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A ação dos bolsonaristas tinha um claro objetivo de atacar o MST e suas lideranças no assentamento Zumbi dos Palmares. A direita colocada dentro do assentamento pelo Incra e pelos latifundiários causou um enorme transtorno e vendo o completo repúdio das famílias começou a ameaçar os assentados e suas lideranças e colocaram fogo em bandeiras do MST pelo assentamento para intimidar e ameaçar as pessoas que se colocavam contra a intervenção do Incra bolsonarista.
O próprio superintendente do Incra na Bahia, o bolsonarista Paulo Alves, coordenou os ataques e a inserção de pessoas que não são do assentamento para ameaçar as famílias e colocar em prática a política do governo Bolsonaro de privatização dos assentamentos. O superintendente e sua corja estão mentindo para as famílias sobre programas do governo e escondendo o verdadeiro objetivo de acabar com os assentamentos da reforma agrária e, neste caso, com o Assentamento Zumbi dos Palmares.
Esses ataques já vêm desde o ano passado quando o governo Bolsonaro através do secretário de assuntos fundiários, o pistoleiro e latifundiário, Antônio Nabhan Garcia, tentou invadir o assentamento com a Polícia Federal e depois com a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) nos assentamentos Jaci Rocha e Rosa do Prado, nos municípios de Prado e Mucuri. Segundo o próprio Nabhan, essa ação seria um projeto piloto para ser implantado em todo o território nacional para os assentamentos.
“A ação que deu início em setembro do ano passado com a presença da Força Nacional, hoje segue com a formação de milicianos dispostos a desorganizar e criar conflitos dentro das áreas de reforma agrária, com objetivo de deslegitimar e criminalizar a luta das famílias Sem Terra na região”, diz o texto divulgado pelo MST do Extremo Sul da Bahia.
O aumento da violência e das provocações da direita bolsonarista contra os assentamentos no Extremo Sul da Bahia ocorre devido à recusa das famílias assentadas e suas direções em aceitar o projeto de privatização dos assentamentos e do fim dos projetos de desenvolvimento das famílias assentadas que faz parte do plano de liquidação dos assentamentos da reforma agrária em todo o País. Não é por acaso que o governo Bolsonaro paralisou todas as políticas e processos de desapropriação da reforma agrária. O Incra conta com o menor orçamento desde 1995 e pelo menos 413 processos de reforma agrária completamente paralisados desde a chegada de Jair Bolsonaro à presidência da República.
Para implantar seu projeto de destruição dos assentamentos, o governo Bolsonaro viu a necessidade de acabar com a organização dos trabalhadores sem terra para ‘facilitar’ os ataques às famílias. Não é por acaso que em todos esses ataques, o alvo foi o MST e suas direções. O Incra, a Polícia Federal, a Força Nacional e as pessoas inseridas nos assentamentos pelos latifundiários têm como alvo as associações de produtores, cooperativas e o fato de retirar ou apagar qualquer menção ao MST e a reforma agrária, com queima de bandeiras e pintar escolas e associações que tenham frases ou pinturas com o símbolo do MST ou a cor vermelha, numa clara ação fascista de atacar a organização dos trabalhadores.
Para atingir seu objetivo, Bolsonaro e o latifúndio estão utilizando do Incra para criar confusão e perseguir as famílias dos assentamentos. Estão se utilizando de servidores bolsonaristas que são contra a reforma agrária para aplicar medidas de expulsão de famílias que se opõem ao projeto bolsonarista, lideranças de associações e pessoas ligadas ao MST.
Os servidores bolsonaristas questionam tudo e mesmo não tendo problema, já que as resoluções do Incra são vagas e dependem da ‘avaliação’ do técnico do Incra, sempre forjam alguma irregularidade para expulsar famílias e causar uma grande confusão dentro dos assentamentos.
É preciso impedir o acesso do Incra dentro dos assentamentos, pois está sendo usado como alavanca para os ataques da direita bolsonarista nas áreas. Também é necessário organizar as famílias e fazer uma grande campanha denunciando a ação do Incra e formar comitês de autodefesa em todos os assentamentos para se defender e enfrentar o avanço da direita e dos latifundiários dentro dos assentamentos e acampamentos.