O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) realizou um levantamento onde constatou que ao menos 18 escolas, localizadas tanto na capital paulista como no interior do estado, apresentaram novos casos de contaminação por COVID-19. Já há novos casos em ao menos quatro escolas da cidade de Franca, duas de Bragança Paulista, e em ao menos uma em Campinas e Bauru.
As unidades de ensino veem a disparada de novos casos justo agora quando se “preparavam” para a retomada forçada das atividades presenciais impulsionadas pelo governador “científico” João Doria (PSDB) e seu Secretario Estadual de Educação, Rossieli Soares, um ex-ministro do golpista Michel Temer (MDB).
As aulas presenciais no estado iniciariam no próximo dia 8 de fevereiro, no entanto, diante do avanço da doença em professores e equipes diretivas as escolas tendem acertadamente a resistir em abrir as portas sem a garantia da vacinação de todos os alunos e docentes.
Apenas a Escola Estadual Professor José Bartocci, que fica localizada no bairro da Vila Ré, está com o diretor, o vice-diretor e o coordenador afastados de suas funções após testarem positivo para o coronavírus.
O colégio Ermelino Matarazzo, no Jardim Belém, zona leste de São Paulo, também suspendeu o retorno das aulas presenciais para o dia 8 de fevereiro devido ao aumento de infecções pela doença. Dois casos de COVID-19 foram confirmados e ao menos cinco pessoas estão com a suspeita de contaminação e seguem em observação.
A Diretoria Estadual de Ensino Leste 1 ao qual pertence a escola agrupa mais de 90 unidades de ensino localizadas em bairros como Jardim Belém, Itaquera, Ermelino Matarazzo, Penha, São Miguel, Vila Ré, entre outros.
Uma reportagem da revista Carta Capital denunciou que diversas destas escolas sequer dispõem de merendeiras e profissionais de limpeza o que por si só já inviabilizaria o retorno criminoso das aulas no início de fevereiro. Ainda segundo a reportagem, a suspensão dos contratos com empresas terceirizadas, feita pela Secretaria de Educação em março de 2020 ocasionou o colapso.
O científico Doria quer que ao menos 33 unidades escolares da Diretoria Estadual de Ensino Leste 1 funcionem das 7h às 9h – e ofereçam bolacha seca como merenda para os estudantes. Cabe lembrar que Doria enquanto prefeito foi quem encampou o projeto de distribuição de ração humana – feita a partir de restos de alimentos ultraprocessados – para ser distribuída como merenda na rede municipal de ensino de SP.
As escolas também não possuem profissionais de limpeza, essenciais para manter o ambiente higienizado no atual cenário pandêmico.
Enquanto isso a burocracia do governo golpista do PSDB se empenha em garantir páginas e mais páginas de “protocolos sanitários” inócuos. Sem oferecer as condições para seu cumprimento integral, os papeis apenas exigem mais responsabilidades das direções escolares, já sobrecarregadas.
Além de São Paulo, outros estados como o Paraná e Pernambuco também estão forçando o retorno imediato das aulas sem nenhuma previsão de vacinação da comunidade escolar.
No Paraná o golpista Ratinho Júnior (PSD) publicou uma resolução nesta quinta-feira (4) por meio da Secretaria de Estado da Saúde, que prevê a volta às aulas presenciais no estado de forma escalonada. O ano letivo 2021 no PR está marcado para começar no dia 18 de fevereiro.
Já em Pernambuco Paulo Câmara (PSB) divulgou um calendário escolar que começará a ser cumprido a partir de 1º de março. Primeiramente, voltarão os estudantes dos anos finais (6º ao 9º ano) do Ensino Fundamental. Em seguida, ainda de acordo com o secretário Marcelo Barros, os estudantes dos anos iniciais do Fundamental (1º ao 5º ano), estarão autorizados a retornar a partir do dia 8 de março. Por fim, haverá o retorno do ensino infantil, cuja volta está prevista no dia 15 de março. Desde o dia 22 de fevereiro os professores estarão nas escolas.
Fica nítido que na medida em que os governadores científicos como Doria, seguirem impulsionando o retorno das aulas presenciais, os novos casos de coronavírus apenas tendem a aumentar exponencialmente.
Nesse sentido, o retorno das atividades escolares só pode se dar com a ampla vacinação de toda a população brasileira, algo muito distante da realidade imposta pelo golpe de Estado de 2016, que implantou uma agenda neoliberal no país.
Assim, diante do nítido descaso dos golpistas é preciso que toda a esquerda, sindicatos e demais organizações de luta de estudantes e trabalhadores da educação, defendam energicamente uma gigantesca greve nacional contra a genocida volta às aulas e pelo pronto atendimento de todas as reivindicações da categoria.