A campanha da imprensa burguesa pela volta às aulas em meio ao avanço da pandemia e pela implementação do Ensino à Distância (EAD), não para! Em recente matéria do jornal mineiro, O Tempo, intitulada, “Volta às aulas online em BH desafia pais e alunos, que não têm sequer internet”, mais uma vez se expressou a preocupação da burguesia em convencer o povo da necessidade do regresso, e mais ainda, aprofundando a campanha contra a Rede Pública de ensino através do EAD.
De forma cínica, o texto traz uma preocupação aparente com a educação dos jovens, iniciando a redação com o relato de duas crianças que dizem estar morrendo de saudade da escola. Estas pobres e inocentes crianças, sem vacina e estrutura mínima para voltar às aulas, expressam a velha tática oportunista e desumana da imprensa burguesa, utilizando do sentimento de crianças para justificar suas ações criminosas.
“Diz que tem um tal de estudo remoto agora, mas ninguém me avisou. Você que está me contando. Não temos computador, o único celular é o meu, que eu uso para trabalhar. A gente até queria uma atividade para as crianças, elas precisam, sentem falta, mas assim no improviso, depois de tanto tempo?”, questiona a trancista Lucimara Valadares, 28. E continua: “Meu filho mais velho é da rede estadual, ele teve que fazer recuperação, porque eu não conseguir comprar crédito no celular para ele enviar as atividades à tempo. Agora vou ter rebolar para ter internet para todos eles, e todos usando o meu celular”.
Ao leitor desavisado, aparentaria que o jornal está fazendo um serviço à população. Porém, é preciso alertar que, primeiramente, o jornal é do empresário e político tucano – embora não mais do PSDB -, Vittorio Medioli, um direitista responsável por diversos ataques à população em seus mandatos como deputado federal e agora na prefeitura de Betim (MG).
Em mais uma passagem, a matéria afirma que a falta de estrutura e a demora para o início das aulas online inviabiliza também o aprendizado. Assim, a falta de “gestão” levará os alunos do ensino municipal de 12 cidades, matriculados na rede estadual para terminarem o ano letivo, e mais 75% de alunos da capital, a perderem a qualidade no ensino.
Vejam só: não se trata aqui de jogar alunos dentro de salas sem ventilação, causando contaminação e mortes em massa. Trata-se da falta de gestão para que isso aconteça o quanto antes!
E como isto não acontece na velocidade que deveria, os abutres da educação privada, usam seus jornais para “malhar o santo”.
“Ter internet, instrumentos para trabalhar é fundamental e precisamos, não basta só enviar o material. Precisamos conversar com os meninos, isso não é secundário. Precisamos ter como comunicar com eles, fazer um acompanhamento afetivo”, destaca umas das diretoras do Sind-Rede BH, Vanessa Portugal, que cobra que mais professores tenham acesso a chips e a celulares para o ensino remoto.
E como seria possível fazer tudo isto se os próprios governantes da direita dizem que o Estado está quebrado e retiram investimentos de educação e saúde todos os dias?
E a falta de estrutura por falta de verbas, levará a gastos de outras formas. As escolas ficaram responsáveis por contatar as famílias dos estudantes e fornecer material impresso para aqueles que não conseguirem acompanhar as atividades virtualmente.
O município destacou ainda que está disponibilizando material impresso de modo a garantir o acesso de todos sem acesso à internet. A secretaria municipal de Educação vai utilizar ainda um projeto-piloto chamado Meta Educação, “que prevê o empréstimo aos estudantes de tablets com acesso à internet”. “A secretaria municipal de Educação traçou estratégias importantes para que fosse possível alcançar todos os estudantes neste período de pandemia”, informou.
Até o momento, a iniciativa foi implementada em 73 escolas municipais, 2.000 tablets entregues, e já estão em processo de licitação outros 15 mil.
Os próprios números mostram que o EAD é uma farsa, uma destruição da educação e impede boa parte da população de ter acesso a ela. Desde o início, o EAD foi a porta para a volta às aulas presenciais, com o genocídio que estamos vendo ser feito no mundo e em nosso país.
É preciso defender a suspensão do semestre na pandemia e voltar apenas quando os estudantes estiverem vacinados e a pandemia controlada e derrotada.