Na última terça-feira (02/02) uma corte distrital de Moscou decidiu que o cidadão russo Alexey Navalny havia deixado de cumprir os termos de uma sentença penal suspensa na qual fora condenado a três anos e meio de prisão. Navalny foi julgado por apropriação indébita de uma quantia de 30 milhões de rublos (US$ 400.000) pertencentes a duas empresas entre as quais a francesa de cosméticos Yves Rocher. Como ele já havia cumprido cerca de dez meses em prisão domiciliar a pena de prisão a ser cumprida foi reduzida para dois anos e oito meses.
A decisão da justiça russa deu ocasião a várias manifestações de protesto tanto na Rússia como no exterior. Líderes do chamado Ocidente manifestaram repúdio em termos veementes: o Secretário de Estado estadunidense, Antony Blinken expressou “profunda preocupação” com a prisão de Navalny e disse que os Estados Unidos iriam atuar junto a seus aliados para “responsabilizar a Rússia por não garantir os direitos de seus cidadãos”. O representante de relações exteriores da União Europeia (UE), Josep Borrell Fontelles, assim como o presidente da França, Emmanuel Macron, exigiram a imediata soltura de Navalny. Também se manifestou em termos semelhantes o Ministro do Exterior alemão, Heiko Maas. Os governos da Lituânia e da Letônia pediram à UE que sejam aplicadas sanções à Rússia como resposta à condenação. A ativista climática sueca, Greta Thunberg, condenou os líderes europeus por comprar energia da Rússia, uma referência ao gasoduto Nord Stream 2. No mesmo dia a Porta-Voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, respondeu aos protestos dos líderes ocidentais através da estação de televisão RBK:
Não interfiram nos assuntos internos de um país soberano. E recomendamos que cada um lide com seus próprios problemas.
Acrescentou ainda que tais países possuem problemas internos seus bastantes os quais mereceriam a atenção de seus governos.
Em 20 de agosto de 2020 Alexey Navalny foi hospitalizado na cidade siberiana de Omsk. Ele se sentiu mal dentro de um avião que sobrevoava a Sibéria. Sua porta-voz anunciou que ele tinha sido envenenado. Contudo os médicos que o trataram não encontraram traços de veneno em seu sangue e urina. Dois dias depois contrariando decisão dos médicos que o tratavam ele é levado para um hospital em Berlim onde os médicos declararam que testes indicaram que ele tinha sido envenenado. Em 17 de janeiro de 2021 Navalny retorna à Rússia e é detido no momento em que apresenta seu passaporte na imigração.
Alexey Navalny é apresentado na imprensa ocidental como figura da oposição e ativista anticorrupção e que sofre perseguição política pelo governo russo. No entanto não existe um consenso sobre quais são suas reais posições. Ele estudou na universidade estadunidense de Yale e ganhou notoriedade internacional a partir de 2011 já com uma década de atividade política. Foi preso algumas vezes e se candidatou a prefeito de Moscou. Em 2000 iniciou sua vida política no partido Yabloko, um partido liberal do qual foi expulso por suas inclinações de extrema-direita. Navalny discursou ao lado de neonazistas e skinheads. Num vídeo ele comparou os oriundos do Cáucaso com pele escura a baratas que deveriam ser eliminados com pistolas.
Este é mais um elemento que o imperialismo estadunidense e europeu usa para desestabilizar a Rússia dar um fim ao regime independente que ali predomina e instalar um regime dócil que descarte a Rússia como uma entidade soberana. Fica a cada dia mais gritante o cinismo dos representantes dos regimes imperialistas que bradam contra a repressão dos governos que se recusam a ser seus vassalos enquanto dentro de seus próprios países estão suprimindo mais e mais as liberdades dos seus cidadãos.





