Neste último domingo, dia 24/01, foi feita a segunda prova do Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, com exceção do estado do Amazonas e de duas cidades de Rondônia. Novamente, como no primeiro dia, a abstenção foi altíssima e mais da metade dos estudantes inscritos, cerca de 3 milhões, não compareceram para fazer o exame. Para os estudantes que faltaram neste segundo dia ainda será permitido fazer a prova desde que por um dos motivos especificados pelo Inep, o órgão responsável pela prova.
Poderão exigir a reaplicação aqueles que não puderam fazer o teste por superlotação da sala ou por motivo de doença infecciosa. O prazo para solicitação é até o dia 29 deste mês e deverá ser feita pelo site. As provas serão realizadas nos dias 23 e 24 de fevereiro.
Em relação aos alunos que não puderam comparecer ,por exemplo, só em Minas Gerais, no primeiro dia com possibilidade de requerer a reaplicação, pouco mais de oito mil estudantes a solicitaram por razão de terem sido lesados pela logística do exame ou por estarem doentes. Fora registrados casos de alunos impedidos por superlotação em ao menos 11 cidades e 37 escolas. Mas apesar da possibilidade de reaplicação, não se sabe ainda em que condições se dará esta nova aplicação prevista para fevereiro ou se inscritos que apresentaram outros problemas para estarem presentes serão permitidos.
É óbvio que todos os estudantes, em certa medida, foram ainda mais lesados pelo exame, que não deveria nem existir, do que nas demais edições.
A aplicação das provas só foi possível pois os movimentos populares e estudantis, principalmente as grandes organizações como a UNE e a UBES, não pressionaram nas ruas pela não aplicação do exame. Somente com a esquerda fora das ruas é que foi possível haver um exame contando com quase três milhões de estudantes em salas compartilhadas por trinta ou mais pessoas. Com isso, a única forma que muitos jovens tiveram de evitar o risco altíssimo de contágio foi a de se absterem da prova.
Como dito antes, a abstenção esperada, implicitamente, pelo Inep e pelo governo Bolsonaro era de 37,5% algo muito superior a média das edições anteriores que é de aproximadamente 20%. Porém, com tamanha desorganização e falta de condições reais para o Enem, a abstenção foi ainda maior, ficando em média em 52% nesta edição, o que revela o quão impopular era a realização do Enem na atual situação. Uma conclusão possível é a de que teria sido fácil mobilizar contra a aplicação das provas, uma vez que, de certa forma, os estudantes já estão convencidos de que não é possível haver uma prova durante a pandemia.
Sobre a realização do Enem, é preciso ressaltar que apesar de um fracasso, a sua realização permitiu dar mais impulso a campanha da burguesia pela volta às aulas em todos os lugares. Por outro lado, se teria sido fácil mobilizar contra o Enem, também é possível mobilizar contra a volta às aulas. É preciso, antes de tudo, convocar os estudantes para combater a volta às aulas nas ruas e mobilizar em todos os lugares a greve contra este ato que é o principal objetivo da campanha genocida da burguesia.