Na última sexta (22), o governo de São Paulo adotou um novo conjunto de medidas de recuo e repressão sobre a população (como o fechamento da maioria do comércio nos fins de semana), diante da explosão de casos da covid-19, que já matou mais de 51 mil pessoas no Estado (em número oficiais, sabidamente notificados), dentre elas o adiamento – por apenas uma semana – do retorno às aulas presenciais: do dia 1/2 para o dia 8/8. No entanto, manteve o planejamento escolar (com professores nas escolas) no primeiro dia do mês.
A decisão foi divulgada pouco tempo depois de que centenas de professores e outras pessoas da população se reuniram em frente ao prédio da Secretaria da Educação, na Praça da República, no Centro de São Paulo, em ato de protesto, contra a política criminosa de voltar às aulas em plena pandemia.
Durante o ato, a presidenta da APEOESP (sindicato dos professores do Estado), deputada Maria Isabel Noronha (PT), e membros da diretoria do Sindicato tentaram, sem sucesso, ser recebidos pelo secretário da Educação, Rossieli Soares da Silva, ex-ministro da Educação do governo golpista de Michel Temer (MDB).
Vacilação da burocracia sindical
Apesar da importância da iniciativa de realizar o primeiro ato público (convocado como “ato simbólico” pela diretoria da APEOESP) contra o crime de pretender empurrar de volta para as salas de aula centenas de milhares de professores e funcionários e milhões de alunos, bem como colocar em situação de risco milhões de familiares (muitos deles adultos em situação de risco), o ato expressou a vacilação da burocracia sindical do maior sindicato do País em impulsionar um verdadeiro processo de luta contra a medida.
A primeira evidência disso foi a própria presença reduzida no Ato. A APEOESP possui 120 diretores e mais de 700 conselheiros estaduais, além de mais de mil funcionários, incluindo dezenas de assessores dos dirigentes; isso sem falar das dezenas de assessores parlamentares dos ativistas da categoria eleitos para cargos parlamentares com apoio dos professores e familiares. Essa imensa máquina de mais de 2 mil pessoas (à exceção de uma minoria) não se moveu – de fato – no sentido de apoiar/participar do Ato, mostrando uma preocupação superior em “salvar a própria pele”, muito acima da necessidade de defender os interesses da categoria.
“Vale-tudo” apenas nas eleições
Nos professores repete-se o que se viu e se vê na luta dos correios, metalúrgicos e outras categorias, nas quais os “generais” que disputam ferreamente os cargos no comando dos sindicatos, na hora da “guerra”, cuidam de defender seus próprios interesses. Alguns, chegando inclusive, a defender a “tese” de que neste momento o mais importante é preservar a suas próprias vidas, como lideranças.
Muitos desses senhores, inclusive, fazem aberta campanha contra a mobilização, dizendo que ela coloca em risco a vida das pessoas que dela participam, deixando de lado o fato de que a mobilização (de poucas horas, ao ar livre, com os devidos cuidados sanitários) visa evitar que o governo condene milhões de pessoas a serem obrigados a retornarem para as escolas, transporte lotado, aglomerações nas portas das escolas etc. Ou seja, nada mais nada menos do que um pretexto para manter a inércia da maioria da burocracia sindical, que só se movimenta na defesa dos seus próprios interesses.
Como parte dessa política, também não se viu no Ato (e não se vê em qualquer mobilização real) os reacionários e oportunistas políticos de esquerda e sindicalistas que há poucas semanas atrás, durante a campanha eleitoral, deixaram de lado do esse “recato” para sair às ruas para pedir votos e conquistar cargos para si mesmo ou para seus aliados políticos. Ou seja, sair às ruas contamina, desde que seja para lutar pela categoria, pelos trabalhadores, se for para defender cargos, aí pode!
Submissão a Doria
Outro problema fundamental a ser encarado na luta da categoria, em todo o País, é a submissão da esquerda e da burocracia sindical, à política de unidade com os maiores carrascos do povo brasileiro, da direita golpista, como é o caso de João Doria e Bruno Covas (PSDB), Eduardo Paes e Rodrigo Maia (DEM), Baleia Rossi (MDB), entre outros.
É preciso denunciar que a “vacinação” lançada pelos governos Bolsonaro e Doria é uma fraude e deixar de lado a política dos que querem apoiar Doria, como se este genocida – que governa o Estado com mais de 51 mil mortos – fosse uma alternativa progressista ao genocida Bolsonaro. Não há vacina, de fato, em uma semana, pouco mais de 100 mil pessoas foram vacinadas e a vacina imposta por Doria é uma das mais caras e a de menor eficácia do Mundo (50,38%); dezenas de milhares de vacinas estão sendo desviadas e não há – de fato – um plano nacional de vacinação, não há plano algum, a não ser continuar a enrolar a população do povo, enquanto milhares continuam morrendo.
Intensificar a mobilização
Diante desse quadro representantes da Corrente Educadores em Luta intervieram na reunião do Conselho Estadual de representantes da APEOESP (foto), realizada ontem, defendendo a ampliação da mobilização, com atos regionais em todo o Estado e novos e maiores atos unificados na Capital, bem como a realização de uma assembleia estadual, presencial, antes da data prevista para o planejamento escolar (com professores nas escolas), ½, para deliberar pela greve da categoria, única forma de impedir os planos genocidas de Dória e demais governos da direita em favor dos tubarões capitalistas e contra o povo.
A reunião aprovou indicativo de greve para o próximo dia 8/2, data para a qual o governo marcou a retomada presencial das aulas.
Nas próximas edições apresentaremos outros informes e deliberações.