Previous slide
Next slide

Sob o controle da burguesia

Parentes de Jimi Hendrix são processados por usarem seu sobrenome

O caso de Leon Hendrix mostra que não existe chance para o indivíduo diante da justiça burguesa. As grandes corporações têm direito de privar a pessoa de seu próprio nome

O irmão do falecido guitarrista Jimi Hendrix, Leon Hendrix, e sua filha, Tina, foram condenados pela justiça de Nova York após abrirem uma escola de música gratuita e sem fins lucrativos de nome Hendrix Music Academy.

Eles foram processados pelas firmas Experience Hendrix e Authentic Hendrix, que foram criadas, em 1995, pelo pai de Jimi, James ‘Al’ Hendrix, e sua filha adotiva, Janie Jinka. Al Hendrix morreu em 2002 e hoje em dia todos os direitos de uso de música, nome e imagem do guitarrista são administrados por Janie.

Segundo a justiça burguesa, Leon e Tina Hendrix, mesmo sendo parentes diretos de Jimi, não têm nenhum direito de utilizar o seu sobrenome, mesmo que seja para uma entidade sem fins lucrativos. É assim que a justiça age: numa disputa com uma grande firma, que tem uma movimentação de milhões de dólares, os indivíduos perdem o direito até ao uso de seu próprio nome. Se isso acontece com o irmão de Jimi Hendrix, como será o caso de um cidadão simples reivindicando direitos contra uma grande empresa?

Esta disputa entre Leon Hendrix e a Experience Hendrix já tinha um antecedente. Em 2017 a justiça proibiu Leon Hendrix e seu sócio Andrew Pitsicalis de usarem o nome e imagem de Jimi em vários produtos comestíveis, maconha, vinho, álcool, remédios e produtos eletrônicos. Na ocasião, Leon perdeu o caso e foi condenado a pagar multas no valor de 402 mil dólares, além de ter de bancar as custas do processo. Foi advertido também de que estava proibido de usar os nomes “Jimi Hendrix”, “Jimi” e “Hendrix”, em qualquer configuração e as imagens ou assinatura do músico.

No caso da escola Hendrix Music Academy, a justiça o proibiu de vender camisetas ou qualquer produto com a imagem de Jimi, agora sob a ameaça de prisão.

Jimi e Leon Hendrix

Jimi Hendrix nasceu em Seattle, estado de Washington, em 27 de novembro de 1942. Inicialmente seu nome de batismo era Johnny Allen Hendrix. Seus pais eram Al Hendrix e Lucille Jeter.

Logo após o seu casamento, Al foi convocado para servir o exército na Segunda Guerra Mundial. Jimi foi o primeiro de cinco filhos do casal e só conheceu o pai três anos mais tarde, após o fim da guerra. Em 1946 Al resolveu trocar o nome de Jimi, rebatizando-o de James Marshall Hendrix.

A relação entre Al e Lucille sempre foi muito ruim, como é comum em famílias de pessoas que passam dificuldades no capitalismo. Após sair do exército, Al não conseguiu arrumar nenhum emprego estável e isso deixou a família em um estado de extrema pobreza. Com isso era muito comum que Al e Lucille passassem boa parte do tempo bêbados, levando a brigas e constantes episódios de violência, que assustavam Jimi.

Leon Hendrix nasceu em 1948 e passou boa parte de sua infância entrando e saindo de lares adotivos, já que o casal era incapaz de cuidar dos filhos. Jimi e Leon sempre foram unidos, mas viveram toda sua infância assombrados pelo fantasma da separação.

Al e Lucille tiveram ainda mais três filhos, Joseph, Kathy e Pamela, que foram todos eles dados para adoção. Os irmãos só conseguiram se reunir muitos anos depois. O casal se separou em 1951, sendo que Al ficou com a guarda de Jimi e Leon.  Em 1958 Lucille morreu de ruptura do baço, após anos sofrendo de cirrose. Na ocasião de sua morte, Al Hendrix proibiu os filhos de comparecerem ao funeral da mãe. Ao invés disso deu às crianças doses de uísque e disse que era assim que os homens deviam lidar com suas perdas.

Em uma ocasião, Leon disse ao pai que queria tocar guitarra, assim como seu irmão mais velho e ainda desconhecido. Ao que ele recebeu como resposta: “você está louco? Eu já tenho um outro idiota tocando guitarra”. Leon só aprendeu a tocar guitarra quando tinha 50 anos e hoje em dia tem sua banda Leon Hendrix Band, com dois discos lançados.

Jimi veio a se tornar o maior guitarrista de todos os tempos e um dos grandes astros do rock, apesar de uma carreira muito curta e que foi encerrada em 18 de setembro de 1970.

Al Hendrix se casou novamente, com Ayako “June” Fujita em 1966, que já tinha uma filha de um casamento anterior, Janie Jinka. Quando da morte de Jimi, que não havia deixado um testamento, seus bens passaram para o controle de Al, que em 1995 abriu as firmas Experience Hendrix e Authentic Hendrix.

Al faleceu em 2002 e apontou, em seu testamento, apenas sua filha adotiva Janie e alguns outros parentes como herdeiros, deixando Leon de fora. Para Leon a única coisa que recebeu foi um disco de ouro, que já estava em sua posse. Em 2004 ele contestou o fato de Janie (a presidente das empresas) ser a principal administradora do legado de Jimi, mas foi novamente derrotado na justiça.

Experience Hendrix

Durante todos esses anos os fãs de Jimi Hendrix têm se queixado das práticas da Experience Hendrix, que como qualquer empresa capitalista visa apenas o lucro e não oferecer ao público aquilo que eles querem.

O mais recente problema tem sido a coletânea “Black Gold”, uma coleção de 16 canções demo que Jimi teria gravado em seu último ano de vida. Foram gravadas apenas com o acompanhamento de um violão e entregues ao baterista da sua banda, Mitch Mitchell, e redescobertas na década de 1990. Janie Jinka vem prometendo o lançamento há anos, mas até agora nada.

Da mesma forma, a Experience Hendrix controla todos os vídeos e músicas de Jimi, presentes, por exemplo, no YouTube. Para frustração dos fãs, apenas algumas músicas estão disponíveis para serem vistas ou ouvidas.

Outro caso famoso é o do filme biográfico “Jimi: All Is By My Side”, lançado em 2013, que contava o começo da carreira de Jimi desde sua chegada a Londres em 1967 e a formação de sua banda, o Jimi Hendrix Experience até a sua performance histórica no Festival de Monterey. A Experience Hendrix não permitiu que os produtores do filme usassem nenhuma das canções escritas por Jimi.

Certamente não era isso que o artista Jimi Hendrix tinha em mente quando criou toda sua espetacular obra, especialmente entre os anos de 1967 e 1970. Seu desejo sempre foi de ser ouvido por todos e não apenas de ganhar dinheiro. Aliás, o que o matou foi justamente o sistema da indústria fonográfica, que o obrigou a inúmeras turnês consecutivas, para uma rápida exploração de seu sucesso. Foi o completo esmagamento do artista. Sua música era de contestação do sistema capitalista e apontava para o desenvolvimento e evolução do ser humano, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária. Só que é algo impossível de ser alcançado dentro do capitalismo.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.