Recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Joe Biden passou a liderar o ataque fascista contra os direitos democráticos de toda a população. Em uma política conjunta dos grandes monopólios capitalistas, Donald Trump tornou-se a vítima de maior destaque desta ação, tendo suas contas no Twitter, Facebook e Youtube, arbitrariamente suspensas, sem qualquer aviso prévio. Com este ataque de caraterísticas extremamente antidemocráticas, a esquerda pequeno-burguesa novamente adotou a postura defendida pelo principal setor do imperialismo, e decidiu por apoiar a censura em nome da luta contra o fascismo.
Frente com os monopólios imperialistas
O ocorrido serviu para a esquerda pequeno-burguesa novamente ensinar como não se deve lutar contra o fascismo. Mesmo um dos principais órgãos de imprensa imperialistas, o New York Times colocou que “no final, foram dois bilionários californianos que desligaram o presidente Trump, lição esclarecedora sobre onde o poder reside em nossa sociedade”. Se ao menos a esquerda pequeno-burguesa se baseasse nesta questão, ficaria insustentável entrar em uma frente de censura contra Donald Trump.
Nesse sentido, o jornal digital Socialist Revolution pontuou que os “socialistas devem considerar as reais consequências dessas ações realizadas pelos bilionários do Vale do Silício – e as implicações para a luta de classes”. A consideração representa a realidade, na luta entre os dois setores da burguesia, aquele representado pelo democrata Joe Biden é visivelmente o principal do bloco imperialista. Servindo diretamente à política dos grandes monopólios imperialistas, Biden revela-se o principal inimigo da classe trabalhadora, e não Donald Trump.
Contudo, a esquerda pequeno-burguesa comemora a investida. A política do “mal maior” e do “mal menor” não apenas se mostra fora da realidade, como também contraditória com o que deveriam ser os princípios democráticos de toda a esquerda. Como destaca o Socialist Revolution, “marxistas são a favor da genuína liberdade de expressão”. Há nisso tudo, uma questão de princípios, para defender-se os direitos democráticos da classe trabalhadora, é necessário garantir os direitos democráticos gerais para toda população.
O caso de Trump é útil para fazer paralelo com o histórico de ataques antidemocráticos nos Estados Unidos. Não apenas que a mesma política que atacou Trump irá atacar toda a esquerda, como na realidade já o fez. A mesma política contra o “radicalismo” e o “extremismo” já havia sido anunciada como base para atacar a mobilização que decorreu-se nos EUA após o assassinato de George Floyd, onde os “antifa” foram considerados grupos terroristas pelo imperialismo norte-americano.
Uma política de repressão
Naquele mesmo período, de acordo com um balanço feito pelo Socialist Revolution, o Facebook anunciou que removeu de maneira sistemática cerca de 500 páginas e mais de mil grupos, além de restringir vídeos, imagens e hashtags de apoio à mobilização. A ação foi encoberta pela derrubada de centenas de páginas da extrema-direita norte-americana. Nas ruas, o foco real desta política de repressão foi revelado, enquanto a extrema-direita tinha campo aberto para agir, a população radicalizada e as organizações de esquerda foram brutalmente reprimidas pelos aparatos de repressão, organizados justamente pelo mesmo setor da burguesia que hoje financia Joe Biden.
O ato de invasão do Capitólio foi caracterizado como “terrorismo doméstico” por Biden, uma senha para a repressão. A política de designar determinados setores da sociedade como “terroristas” é conhecida do imperialismo norte-americano. Em 2001, com o ataque às Torres Gêmeas, o departamento de segurança imperialista aproveitou o evento para impulsionar uma iniciativa, não apenas de invasões aos países do Oriente Médio, como também adotar uma conduta ditatorial de perseguição política de grupos de esquerda e mulçumanos através do Ato Patriótico.
Da mesma maneira que em 2001, o imperialismo tenta emplacar uma nova campanha ditatorial. O problema do terrorismo, tendo como pretexto a luta contra a extrema-direita fascista, e como símbolo à invasão do Capitólio, tornou-se a desculpa necessária para o “democrático” Joe Biden lançar-se em uma dura campanha contra todo o povo norte-americano.
Após um ano de intensas mobilizações históricas contra os aparatos de repressão e o regime político, os Estados Unidos encontram-se em um dos períodos de mais profunda radicalização política das últimas décadas. Em uma situação desta magnitude, o imperialismo busca a todo custo emplacar uma política avassaladora contra os trabalhadores.
E é justamente esta política que está sendo impulsionada pela esquerda pequeno-burguesa, uma política que tem como início, meio e fim, a repressão da população e que abre portas para uma política ditatorial a nível mundial. Empresas como Facebook, Twitter e Youtube são monopólios mundiais. Para participar efetivamente de uma rede social global, a população mundial é forçada a se submeter às normas destes monopólios imperialistas. Com a política de censura sendo oficializada, a esquerda será duramente reprimida nas redes sociais, em uma campanha que iniciou com a suposta luta contra as “fake news” e que rapidamente vem se tornando um pretexto para atacar redes de comunicação independentes de países como Venezuela, Cuba, Rússia e Irã.
Se os capitalistas detêm o controle de todos esses monopólios, é necessário não uma adaptação à ditadura, e sim uma forte denúncia e mobilização contra estes ataques. Porque fascismo é justamente a repressão intensa contra o movimento operário e popular, e a isso que se propõe o imperialismo atrás da cobertura da luta contra Donald Trump.