Desde o fim do ano passado, a direita golpista através dos seus veículos de imprensa tem feito uma grande pressão pela privatização em massa de empresas, empreendimentos e infraestrutura pública. Uma das grandes alegações é de que isto poderia reanimar a economia brasileira. Embora reconheçam esta “necessidade”, negam incessantemente o fato de que o país está quebrado, como disse Bolsonaro, e incentivam a privatização para “aliviar” o endividamento dos estados e municípios, sem explicitar que isto é uma demonstração de falência.
Com o início de 2021, o programa de privatizações se intensificou. Nos principais estados do país uma quantidade significativa do patrimônio público está ameaçado de ser entregue nas mãos das grandes empresas em concessões de ao menos três décadas. Um destaque é o estado com a maior economia do país, São Paulo, que terá uma gama enorme de privatizações promovidas pelo governo de Doria ao estilo do desastre de FHC.
O programa de privatizações de Doria é bastante atrativo aos grandes empresários pois, ao todo, serão privatizadas duas linhas de trens da CPTM, todo o complexo de estradas do litoral paulista, todos os 22 aeroportos administrados pelo DAESP, o ginásio do Ibirapuera, o Zoológico de São Paulo, o Horto Florestal e um vasto conjunto de parques, entre outras grandes estruturas que pertencem ao povo. É uma entrega de uma patrimônio de dezenas de bilhões por um valor baixíssimo e com um prometimento insignificante para investimentos.
Em outros estados, a previsão também é de um pacote de privatizações. No Rio de Janeiro, a CEDAE – Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro – terá seus serviços privatizados em 35 municípios do estado. Já no Rio Grande do Sul, a Companhia Estadual de Energia Elétrica terá sua empresa de distribuição privatizada, com previsão para posterior entrega da transmissão e da geração da estatal. Também serão vendidos mais de 1000 mil quilômetros de estradas e rodovias estaduais. A mesma situação se aplica ao estado de Mato Grosso, quase 400 mil quilômetros de estradas estaduais.
No Nordeste, o estado da Paraíba privatizará o saneamento dos municípios. Na Bahia, o governo da ala direita do PT de Rui Costa entregará o Ceasa, o Centro de Abastecimento do estado. Também está sendo previsto a entrega do Pelourinho, um grande patrimônio brasileiro que faz parte do Centro Histórico de Salvador.
É bastante razoável, até pelas condições em que as privatizações ocorrerão, que seja óbvio que o plano da direita não é guardar o dinheiro para investimentos com a população, mas sim entregar cada vez mais para os grandes empresários. A razão para a preocupação com a austeridade fiscal é estar a disposição para salvar a burguesia falida. Uma vez que os gastos irrisórios com a pandemia já foram vistos como grande empecilho pela direita, o que fica claro com as declarações da imprensa golpista.
É preciso denunciar que a maior parte destas privatizações são promovidas pelos membros da direita golpista. Apesar de toda a campanha para procurar se distinguir de Bolsonaro, seu principal aliado nas privatizações e demais ataques ao país, os golpistas são o verdadeiro “mal maior” no momento. Portanto, é preciso derrubar não só Bolsonaro, mas especialmente os golpistas que deram o golpe de 2016 e o colocaram na presidência de forma fraudulenta.