Nesta data, há 129 anos, nascia o escritor britânico J. R. R. Tolkien. Ensaísta, filólogo, e professor universitário, alcançou a fama mundial por meio da literatura fantástica moderna – ao qual é considerado pai – reconhecido em especial pela trilogia O Senhor dos Anéis, que atingiu uma proporção ainda maior de leitores após sua reprodução e lançamento cinematográfico a partir de A Sociedade do Anel, em 2001.
Tolkien, o fascinado pela linguística – o moderno estudo das línguas, com frequência, introduziu em seus livros temas épicos, algumas vezes referências religiosas, mas basicamente um pano de fundo sobre a luta do ‘bem contra o mal’, da ‘humanidade contra o caos’, etc, abrangendo para tanto as diversas ciências: a antropologia, a biologia, a sociologia, a filosofia, a arquitetura, que como a filologia, foram usadas para criar os diversos personagens, reinos, sociedades e costumes de um novo universo.
Nesse mesmo sentido, o britânico não deixou a ciência política de lado. Ao contrário do que o termo ‘fantasia’ nos induz a pensar, após o lançamento e sucesso de seu livro O Hobbit, em 1937, Tolkien foi obrigado a se manifestar politicamente. Foi no ano seguinte, quando uma editora alemã se propôs a lançar a primeira tradução da obra no país. Esta, para o lançamento, obrigou Tolkien a comprovar que não possuía descendência judia.
Revoltado com a imposição, e inclinado a desistir do lançamento em língua alemã, escreveu duas cartas-resposta a ser enviada a editora alemã. Uma delas dizia o seguinte:
Só posso responder que lamento o fato de que aparentemente não possuo antepassados deste povo talentoso. Meu tataravô chegou na Inglaterra no século XVIII vindo da Alemanha: a maior parte da minha ascendência, portanto, é puramente inglesa, e sou um indivíduo inglês — o que deveria ser suficiente. Fui acostumado, no entanto, a estimar meu nome alemão com orgulho, e continuei a fazê-lo no decorrer do período da lamentável última guerra, na qual servi no exército inglês. Não posso, entretanto, abster-me de comentar que, se indagações impertinentes e irrelevantes desse tipo tornar-se-ão a regra em matéria de literatura, então não está longe o tempo em que um nome alemão não mais será um motivo de orgulho. (Rascunho da Carta 30, 25 de julho de 1938)
Com a carta, fica clara a posição do autor frente ao nazismo. Se coloca totalmente contra a supremacia branca e ariana de Hitler. Se põe politicamente ao lado dos judeus em oposição a qualquer superioridade alemã em relação aos povos. Responde à editora nazista, não de forma burocrática sobre a origem de seu sangue, mas de forma combativa sobre a própria imposição, sobre o fascismo no país. Podemos, em seus livros, certamente relacionar, dessa forma, a luta contra o mal, como a luta contra o fascismo no mundo.