Uma discussão que tive com a companheira Natália Pimenta foi bastante instigante. Vivemos realmente em tempos absurdos.
A questão da vacina contra o coronavírus tem dividido opiniões. Os que defendem a vacina criticam os que são contra ela como pessoas anticientíficas, que contestam a ciência. Nosso Partido já falou bastante sobre o problema dos direitos democráticos do cidadão, que devem incluir, naturalmente, o de não tomar a vacina se não quiser, e discutimos várias vezes a tentativa absurda de obrigar a população a se vacinar. Falemos um pouco da “ciência”.
Primeiramente é preciso dizer que a medicina não é uma ciência exata. O fato é que não se compreende em profundidade todos os mecanismos do corpo humano. O que hoje é recomendado como saudável, amanhã se descobre que não é de fato saudável e recomenda-se o contrário.
Meu avô materno, por exemplo, sofreu um infarto lá pela década de 1950. Na época, o recomendado para os acometidos de parada cardíaca era repouso absoluto. Até mesmo subir e descer uma escada dentro de casa era para ser feito com moderação. Hoje, o exercício físico praticado com moderação, a atividade física em oposição à ociosidade, são a norma.
Isso não significa, é claro, que deve-se necessariamente ignorar as recomendações do médico. Afinal, não temos muita escolha. Mas significa que é possível sim contestar muitas das verdades estabelecidas pela medicina. Mais ainda, é preciso.
Falo de banalidades. Aí vai mais uma: o ovo. Sim, o ovo de galinha, parte da dieta do brasileiro, já foi bandido e mocinho diversas vezes ao longo das últimas décadas. Em nenhum momento, no entanto, as pessoas que optavam por um estrelado de gema mole foram acusadas de serem “anticientíficas” ou “inimigos da ciência”.
Agora, com a vacina, ocorre o contrário. A mera possibilidade de sua existência e eficácia (sim, porque ainda não há vacina, apenas promessas) foi o suficiente para exaltar opiniões, particularmente no meio da esquerda.
Mas é preciso levar em conta também que há muita controvérsia entre cientistas de diversos ramos e não se pode dizer que aquele cientista que contesta as teses comumente aceitas é anticientífico. Felizmente, talvez, a acusação leviana de “anticientificismo” não alcança tais esferas. O cientista teria permissão para discutir benefícios e prejuízos da vacina. Os meros mortais, não. Teriam que seguir o que diz a Ciência, com “c” maiúsculo.
Um último exemplo. A homossexualidade. Até bem pouco tempo atrás, era crime e doença. Não é mais. Então, que dizem os científicos defensores da ciência científica da obrigação da vacinação? Desafiariam a ciência ou baixariam a cabeça diante da condenação médica e penal?
No presente caso, para não contestar a ciência deveríamos então confiar plenamente nos laboratórios que estão produzindo a vacina e nos governos.
Eles representam a ciência? Ou são empresas capitalistas atrás de lucrar com a pandemia? Pior, não são eles a pior máfia, que inclusive barram o desenvolvimento de cura para doenças para que possam vender mais remédios?