No dia 15/12, o Senado Federal aprovou o projeto de lei (PL) 2.963/2019 que permite a venda de grandes extensões de terras férteis brasileiras para pessoas e empresas estrangeiras. Um ocorrido importante de lembrar é que a votação de uma medida de tamanha importância estratégica e de soberania nacional ocorreu de forma unanime e em apenas 44 minutos. A entrega de terras brasileiras para os estrangeiros é uma medida que a direita tenta aprovar há tempos e nunca conseguiu de maneira razoável aprovar a medida. Não encontrava condições para aprovar, mas que o golpe em 2016 e a eleição fraudulenta que levou Jair Bolsonaro a presidência com apoio de toda a direita está criando o cenário perfeito para a aprovação de mais um ataque a soberania nacional.
Para entender os interesses do imperialismo em terras brasileiras é importante ter noção sobre alguns dados. O Brasil é um dos países com mais terras agricultáveis do mundo e talvez o único com potencial de expansão. Tem cerca de 835,5 milhões de hectares de terras e outros 15,9 milhões de hectares cobertos por de lâminas d’água. Desse total, são utilizados para a agricultura 284,23 milhões de hectares, perfazendo 34% do total das terras do País. Só para se ter uma ideia, os dois outros grandes produtores mundiais são a China e Estados Unidos e já utilizam um percentual bem maior de terras para a agricultura: a China, com uma área total de terras de 932,7 milhões de hectares utiliza 59,39 % do total (553,4 milhões) e os Estados Unidos da América com área total de terras de 915,9 milhões, utiliza 44,97% do total, equivalente a 411,9 milhões de hectares.
Mas o Brasil é o único país que ainda possui uma área de reserva de 103,3 milhões de hectares que poderia ser revertida em áreas adequadas para a agricultura.
Outro dado importante é que a área brasileira sob cultivos é ainda pequena, de 49,23 milhões, o restante é de pastagens de baixíssima produtividade sendo que a maioria é somente de fachada para a grilagem de terras realizadas pelos latifundiários. Já a da China e dos EUA são de 142,6 milhões e 176 milhões de hectares, respectivamente. Ou seja, o mercado de terras no mundo já se encontra bem limitado e os países imperialistas voltam os olhos mais uma vez para o Brasil.
Na mesma linha de entrega do patrimônio nacional, em junho o mesmo Congresso Nacional aprovou a privatização da água, o Projeto de Lei (PL) nº 4.162 de 2019 de autoria do próprio governo Bolsonaro. O Brasil é o país que possui grandes reservas hídricas, seja nos rios ou seja no subsolo como o aquífero Guarani, e de longe o que mais possui disponibilidade de água. Segundo a Embrapa, o Brasil possui 19% de todos os recursos hídricos disponíveis no mundo. Não é por acaso que recentemente, a água tornou-se mais um produto a ser negociado na Bolsa de Valores de Nova York. O anúncio foi realizado no início deste mês de dezembro e mostra que houve pressão do imperialismo para a privatização desse enorme patrimônio dos trabalhadores brasileiros.
E também não é de se chocar com a entrega das enormes reservas de petróleo do Brasil e a destruição da maior empresa petrolífera do mundo, a Petrobrás. Após a descoberta do Pré-Sal, o Brasil se tornou o 13° em reservas de petróleo e um dos maiores produtores. E após o golpe, a entrega desse enorme patrimônio se deu de maneira mais intensa e nesse ultimo período, o governo Bolsonaro com apoio do chamado centrão ou direita ‘civilizada’ está destruindo a Petrobrás e entregando as enormes reservas de petróleo e gás.
Toda a direita, bolsonarista ou de “oposição” aprovaram em conjunto sem grandes divergências. Essa votação é mais um exemplo que a direita é ‘nacionalista’ para o imperialismo e contra os interesses da população pobre e trabalhadora do Brasil. Como podemos ver não há nada de nacionalista e somente defendem os interesses do imperialismo que ajudou a dar um golpe de estado no Brasil em 2016 para facilitar essa entrega.
E para barrar toda a entrega desse patrimônio e a transformação do Brasil novamente em uma colônia é preciso derrubar Bolsonaro e conforme observamos não adiante se aliar com a direita ‘civilizada’ também chamada de centrão como o DEM, PSD, MDB e outros, pois estes apoiam o governo Bolsonaro em todos os ataques contra os trabalhadores e a entrega do patrimônio brasileiro para o imperialismo.