Na última semana, o craque brasileiro Neymar, no clássico francês diante do Lyon, mais uma vez foi retirado de campo pelas botas assassinas de equipes europeias. Mais uma vez caçado durante uma partida, Neymar recebeu chegadas duras do time rival, era vital para o Lyon não deixar Neymar jogar, afinal, mais uma vitória da equipe de Ney deixaria o Lyon a 4 pontos do PSG.
A caçada a Neymar na partida foi uma constante, mas o lance mais violento ficou para o final da partida. Ele ocorreu já nos descontos, aos 51 do segundo tempo, quando para evitar nova arrancada do craque brasileiro em direção ao gol, o volante Thiago Mendes acertou um duro carrinho lateral no atacante do PSG, que ainda ficou com o pé preso na grama antes de desabar no gramado do Parque dos Príncipes. Com o grave lance, o jogador do Lyon foi expulso.
Para certo alívio de Neymar, do PSG e dos amantes do futebol-arte, o site oficial o clube francês confirmou uma torção no tornozelo esquerdo do brasileiro, mas tratou a notícia como tranquilizadora:
“A avaliação clínica e radiológica de Neymar Jr, acompanhando o mecanismo de entorse do tornozelo esquerdo ocorrido na noite passada [domingo], é tranquilizadora. Um novo ponto e novos exames serão realizados em 48 horas”.
Com o tempo de recuperação, Neymar ficará de fora de pelo menos duas rodadas do Campeonato Francês. No momento, o PSG é o segundo colocado da competição. No entanto, o atacante não preocupa para os duelos com o Barcelona, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões.
Desde que chegou ao futebol europeu, em 2013, Neymar conviveu com 14 problemas físicos, resultados de fortes pancadas e agressões que sofreu. Em 2014, foi retirado da Copa do Mundo em lance que o poderia ter aleijado e, em 2019, foi retirado da Copa América pela constante violência dos que não conseguem parar na bola o arsenal de dribles de Neymar.
Foram, ao todo, 75 jogos perdidos. As fraturas no quinto metatarso do pé direito foram as responsáveis pelos maiores tempos de molho: 18 jogos cada, em fevereiro de 2018 e dezembro de 2020.
Algumas semanas atrás, publicação do CIES Football Observatory apontou que o craque Neymar é o jogador que mais sofre faltas por minuto nas principais competições nacionais europeias, chamadas Big Five (um grupo que reúne os campeonatos nacionais de Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália, respectivamente chamados de Bundesliga, La Liga, Ligue 1, Premier League e Serie A). Somente no último ano, o levantamento da entidade que apontou as faltas cometidas e sofridas em 33 campeonatos europeus, demonstrou que Neymar sofreu uma falta a cada 20 minutos e 39 segundos desde dezembro de 2019.
A estatística apresentada nesse estudo permite a análise da falsa denominação de “cai-cai”. Essa expressão, que sempre procurou passar a ideia de que o craque queria evitar o jogo propriamente dito, tentando simular faltas, cai por terra, além de favorecer a agressão contra ele, pois enquanto apanha, os juízes são levados a pensar que seria apenas mais uma simulação e isso favorece uma sinalização para os pernas de pau no sentido de que podem bater no brasileiro. No Brasil, alguns mais exaltados chegaram a dizer que a arbitragem daqui protegia Neymar e que o craque não aguentaria jogar na Europa.
Quando estourou no Santos, alguns críticos da imprensa burguesa diziam que Neymar deitava e rolava devido à baixa qualidade das equipes brasileiras. Esse argumento depreciativo em relação ao futebol nacional, que continua na boca da imprensa capitalista com generosos afagos da esquerda pequeno burguesa que não gosta do futebol-arte, ficou obsoleto quando os zagueiros mais bem pagos do mundo se viram incapazes de desarmar o melhor jogador do mundo.
Observando-se atentamente os fatos concretamente, fica claro que as campanhas críticas ao craque são alheias ao futebol que ele joga. Como este Diário denuncia sistematicamente, essas campanhas são impulsionadas a partir de interesses econômicos dos países imperialistas. Atacar o futebol-arte, característico dos jogadores latino-americanos, é um fator importante para valorizar artificialmente os duros jogadores europeus, assim como as empresas capitalistas que deste futebol se beneficiam. Seguimos na defesa do nosso futebol como patrimônio cultural e de nossos craques como expressão desta arte.