No último dia 18 de dezembro de 2020, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, um servidor terceirizado foi soterrado após queda de um terreno em declive sobre a retroescavadeira em que ele trabalhava. Essa tragédia mostra a negligência do governo brasileiro em relação aos trabalhadores e à legislação trabalhista, assim como nos revela a negligencia em relação à privatização das estatais brasileiras, como é o caso da Vale do Rio Doce, privatizada no governo FHC a preço de bananas. A partir de então fatos semelhantes, descritos pela mídia burguesa como simples acidentes ou fatalidades, vem matando operários, muitos dos quais, nem constam nas estatísticas, tal é o descaso e conivência das autoridades brasileiras.
Todos devem lembrar da tragédia que ocorreu, também em Brumadinho (MG), no inicio da tarde do dia 25 de janeiro de 2019, na barragem de rejeitos de minérios da Mina do Córrego do Feijão, causando uma grande avalanche de rejeitos de minério de ferro. Com o desabamento da barragem, a lama atingiu a Área administrativa da mineradora. Tal negligência da Vale provocou a morte de 252 pessoas e dezoito pessoas continuam desaparecidas. Este acidente entrou para a história como um dos maiores desastres ambientais do Brasil e talvez do mundo. O fato levou a abertura de uma CPI na Câmara dos Deputados, a qual aprovou o indiciamento da Vale, da companhia Tüv Süd e de mais 22 pessoas por homicídio doloso, lesão corporal dolosa e poluição ambiental por rejeitos minerais com sérios danos à saúde humana e ao meio ambiente, além de destruição de área florestal considerada de preservação permanente.
O acidente desta última sexta-feira, conforme relato do corpo de bombeiros, não aconteceu na mesma área do acidente de 2019, mas em um local onde também há descarte de materiais. Segundo a defesa civil do estado de Minas gerais, o trabalhador operava uma máquina próximo ao declive da cava da mina, onde trabalhava em uma manutenção do local. O deslizamento ocorreu por volta das 16 horas. Segundo a corporação, o violento desabamento provocou a destruição da cabine da máquina, atingindo o operador. Em nota, a Vale lamenta a morte do trabalhador terceirizado e as atividades de manutenção no local estão suspensas.
Por meio de decreto, a prefeitura de Brumadinho suspendeu o alvará de funcionamento e localização da Vale e suas terceirizadas. Esta suspensão é válida por sete dias ou até o esclarecimento dos fatos do acidente, o decreto visa garantir a segurança dos trabalhadores que atuam na área de recuperação de rejeitos ambientais. Resta agora sabermos que farão as nossas autoridades para que não hajam novos acidentes como este e quais penalidades serão aplicadas a Vale, principalmente no que tange a negligencia e sobre a segurança dos trabalhadores, que encontram-se sem amparo legal e sem um ministério para apurar este trágico acidente.