O Real tem sido uma das moedas mais desvalorizadas em todo o planeta neste ano. Dentre 30 moedas analisadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a moeda brasileira teve a maior desvalorização em relação ao Dólar.
No começo do ano, o Dólar já estava alto, chegando a R$ 4,0232. No entanto, com o passar do tempo, a moeda se desvalorizou e atingiu o patamar de R$ 5,9007 no mês de maio. Hoje, a moeda se encontra em R$ 5,10, e deve fechar o ano entre R$ 5,00 e R$ 5,11.
A situação fica mais dramática, quando vemos que o dólar também se desvalorizou, ou seja, o real se desvalorizou em relação a uma moeda que também tem se desvalorizado em relação ao Euro, por exemplo.
A burguesia tenta apresentar a queda do Real como um cenário apenas negativo para os investidores. Mas a verdade é que essa desvalorização tem permitido, dentre outras coisas, que os países europeus comprem vários produtos brasileiros em abundância, o que faz com que esses mesmos produtos fiquem escassos no País, o que gera inflação para o povo e o aumento do preço de vários produtos, principalmente para os alimentos, como temos visto nos casos de produtos como o arroz, por exemplo.
Bolsonaro não esboça nenhuma reação sequer a essa política. Deixando que os produtos saiam livremente do País, o governo permite que a população passe por uma de suas maiores crises de sua história.
A desvalorização da moeda nacional ocorre por conta da fragilização e da destruição da economia brasileira. Bolsonaro tem levado adiante uma política de total subserviência e dependência do capital estrangeiro, atacando empresas nacionais e retirando direitos dos trabalhadores.
O imperialismo ainda tenta aumentar essa política, fazendo com que Bolsonaro tente privatizar várias empresas nacionais, permitir que terras possam ser compradas por estrangeiros, retirar ainda mais direitos e deixar que o povo passe fome.
Se tudo isso não bastasse, o Brasil ainda permite que os capitalistas retirem dinheiro do país, o que desvaloriza ainda mais a moeda local. A tendência de retirada do dinheiro, por parte da burguesia internacional, ocorre por conta da crise que não parece ter fim em um horizonte próximo. Além disso, com a retirada do dinheiro, o imperialismo tenta criar a ideia de que o Brasil precise ainda mais implantar a política neoliberal e faça “reformas”, que nada mais são do que mais destruição para a economia brasileira para que eles possam sugar os recursos do país.
No entanto, não é só Jair Bolsonaro que leva adiante essa política. A direita tradicional espera que Bolsonaro “entre na linha” pare de falar besteiras e comece a levar adiante essa política neoliberal com mais firmeza. Ao mesmo tempo, esse setor da direita tenta encontrar um substituto a Bolsonaro que não se indisponha minimamente com o imperialismo e permita a política neoliberal no país.
Essa direita é a mesma que dizia durante o golpe de 2016 que bastava retirar o PT para que o Dólar caísse e a classe média brasileira pudesse ir para a Disney uma vez ao ano. No entanto, o dólar estava em R$ 3,85 um dia antes do processo de abertura do impeachment por parte de Eduardo Cunha, dia 1 de dezembro de 2014, valor que estava abaixo, inclusive, do valor do começo deste ano.
Todo este panorama serve somente para mostrar a que veio o golpe de estado no Brasil. Os golpistas somente desejavam retirar direitos da população para entregar tudo de mão beijada ao imperialismo, diminuindo drasticamente a qualidade de vida da população brasileira para que o regime capitalista internacional pudesse continuar esmagando a população.
Mais uma vez é preciso dizer que a única política que pode reverter essa situação é a política de enfrentamento ao golpe de Estado. Não é possível se alinhar à Rede Globo, à Veja, ao Estadão à Folha, ao DEM, ao PSDB, MDB e demais partidos burgueses que deram o golpe, fizeram campanha para que Lula fosse preso e que agora querem uma frente ampla entre a esquerda e a direita para “derrotar Bolsonaro”.
É preciso que a classe trabalhadora seja completamente independente da burguesia e se enfrente contra o golpe de Estado, exigindo o fim do governo Bolsonaro e a restituição dos direitos políticos de Lula para que ele possa ser candidato a presidente em 2022, além de lutar contra as privatizações – assim como a nacionalização das empresas que foram privatizadas-, a retirada dos direitos trabalhistas, por um aumento real de salário, com um mínimo de R$ 5.000,00 e a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais.