O encerramento do Festival Internacional de Teatro de Brasília Cena Contemporânea, exibirá nesta sexta, uma versão censurada da performance audiovisual Ué, eu ecoa ocê’u é eU?, criada especialmente para o evento.
O diretor da performance, Celso Sim, que, junto com Cibele Forjaz, tocou esse trabalho especificamente do festival, disse que seu trabalho foi censurado pela direção do evento, e que cenas de Bolsonaro e Mourão foram vetadas com a justificativa de que violariam os termos do patrocinador do festival, que é o Banco do Brasil.
Questionado sobre isso, Guilherme Reis, diretor do festival, diz que o patrocinador não censurou, pelo contrário, deu carta branca. “Eles nos deram total autonomia curatorial”.
Mas complementa dizendo que isso é uma forma de evitar maiores problemas para o festival. “Qualquer pessoa retratada da forma que a dupla retratou, sendo ou não o presidente ou vice-presidente, se sentiria ultrajada”. Reis disse também que conversou com os autores procurando resolver a questão e , além disso, esteve com advogados para explorar mais alternativas possíveis, e que achou boa a ideia de colocarem tarjas para resolver o impasse. “Não nego o momento difícil de desmonte das artes, mas não recebi ordens para cortes”.
Celso disse ainda: “Refiz as cenas, desfocando as imagens, e coloquei tarjas pretas indicando a censura. Quero explicitar o que aconteceu”.
Realmente, essa turma do golpe colocou o Brasil em um regime de censura, proibição e obscurantismo, um verdadeiro cenário de terror. É a negação completa do que se entende por uma sociedade democrática, e que se opõe à liberdade de manifestação do pensamento humano e sua forma de expressar-se. A possibilidade de uma debate mais profundo sobre a realidade, ou mesmo o desvendar dela, está sendo caçada pelo governo que impõe o véu da idiotização sob o regime da força e da perseguição, mobilizando, inclusive, suas bases fascistas e seu exército de fake news.
Deixar que o esses golpistas controlem a nossa cultura com esse grau de intervenção, é o mesmo que abrir as portas para que invadam de vez nossas vidas, e nos coloquem antolhos e cangas, escravizando nosso espírito e freando a verve. Sem dúvida, trata-se do processo de aprofundar o golpe, destruindo a cultura e a total liberdade de criar do artista, não permitindo qualquer passo fora do permitido, do reconhecido, e do respeitado pelos valores disciplinados pelo bloco golpista de Bolsonaro e Cia.
Essa é mais uma razão que impõe uma luta contra o golpe, para salvaguardar e impor conquistas como a liberdade de pensar e de criar, e acima de tudo, de uma sociedade que presa pela mais ampla e geral expressão democrática.