A crise do capitalismo vem desde 2008 e se caracteriza pela redução da renda das empresas. Ela foi muito acentuada pela crise da pandemia do coronavírus. Diante desse quadro as empresas estão buscando novas fontes de renda, e a bola da vez é a água.
Conforme matéria do Brasil 247, Wall Street está incorporando a água, recurso natural fundamental para a manutenção da vida no planeta, e equiparando aos valiosos e estratégicos recursos já negociados nas bolsas de valor como o petróleo e o ouro.
Os investidores poderão competir pelo recurso a partir da próxima semana, quando a empresa de Chicago, CME Group Inc., lançará no mercado os primeiros contratos desse tipo nos EUA. O valor a ser lançado no estado da Califórnia será de US $1 bilhão, que corresponde a R$ 5,15 bilhões.
O receio de que a água se torne um recurso escasso no planeta já vem de décadas atrás, e agora toma impulso real e concreto por causa da onda de calor e incêndios que se abateu sobre a costa oeste dos Estados Unidos.
A agência Bloomberg cita que Deane Dray, da RBC Capital, disse que “a mudança climática, seca, crescimento populacional e a poluição podem transformar a escassez de água e a precificação em assunto em pauta nos próximos anos”. Definitivamente, vamos observar como esses contratos de água se comportam nos próximos anos.
Os contratos serão liquidados financeiramente, ao invés da entrega da água em volume físico real. O indicador estabelecido será o Nasdaq Vele California Waters no estado da Califórnia.
O CME Group não identificou possíveis participantes, mas registrou o interesse dos produtores agrícolas da Califórnia, agências públicas de água e serviços públicos, dos investidores institucionais como gestores de ativos e fundos de cobertura.
Agora tanto o preço quanto a disponibilidade física da água estará sendo determinada pela bolsa de valores. Todos sabemos que sem água não sobrevivemos, é morte na certa. Negociada nas bolsas de valores, quem tem mais dinheiro leva e quem não tem não leva nada, ou seja vai morrer de sede.
Além de beber, é usada para irrigar as plantações de alimentos, para os rebanhos, nas indústrias, frigoríficos, na limpeza e etc. É um bem fundamental e vital, e está disponível na natureza em rios, lagos e no subterrâneo.
No planeta, 97% da água está nos mares, sendo salgada é imprópria para o consumo. Dos 3% restantes, potáveis, cerca de 2,5% estão congelados nos pólos ou em geleiras. Dos 0,5% restantes, a maioria se encontra no subterrâneo.
O Brasil possui a maior reserva de água doce potável, são 12% de toda água no planeta, e a maioria está concentrada na região amazônica. Temos ainda o Aquífero Guarani, o maior do mundo que é potável.
O senador Tasso Jereissati (PSDB) apresentou o PLS 495/2017 que visa tornar possível a exploração da água pela iniciativa privada, criando o mercado da água no país. A Coca-Cola e a Nestlé já demonstraram enorme interesse em adquirir a concessão de exploração, obviamente.
No governo Temer houve a primeira tentativa de privatizar a água no país, sem conseguir. E em eleição fraudulenta o Bolsonaro se elegeu em 2020 e em 24/06/20 o senado aprovou a privatização da água no país.
Fica clara a intenção do imperialismo, através de articulados movimentos avançam nas riquezas naturais dos países de desenvolvimento atrasado. Caso da invasão do Iraque para se apoderar do farto petróleo que dispunham e não exitaram em destruir completamente o país. Depois com a Síria sem sucesso. Tentam agora fazer o mesmo com a Venezuela que se mantém firme em não ceder espaço para o imperialismo.
O petróleo e o gás são fundamentais para a indústria, envolvendo a disputa até o limite de guerras e invasões. Agora estão incluindo a água também nesse cenário de disputas ferrenhas. O agravante é que sem água a vida fica comprometida. E como os países irão reagir?
Como o capitalismo está na sua mais cruel crise conhecida, portanto enfraquecido, se faz necessário que a classe trabalhadora esteja preparada para o enfrentamento com a classe capitalista. E sem dúvida será uma luta de vida e morte, onde quem perder ficará com o prêmio que ninguém quer receber. Só a vitória da classe que produz a riqueza é possível de ser aceita, e precisa começar imediatamente.