Uma grande polêmica se travou nos meios universitários, entre reitores, professores e estudantes, após a determinação, pelo Ministério da Educação (MEC), de retorno às aulas presenciais em todas as universidades e institutos federais a partir de 4 de janeiro do ano que vem, 2021.
Desde março deste ano que as atividades presenciais nesses estabelecimentos de ensino estão suspensas. O retorno às aulas presenciais colocará mais de 2,3 milhões de pessoas em circulação, entre professores, técnicos e alunos, nas 67 universidades e 41 institutos federais de ensino.
Tal medida, no entanto, encontrou fortíssimo repúdio entre as associações de estudantes e os reitores das universidades que alegam sequer tenham sido consultados pelo MEC a respeito de tal medida.
A Universidade Federal de Brasília (UNB) argumenta que “(…) chama a atenção um normativo como esse, específico para as instituições federais em um momento de aumento nas taxas de contaminação pelo coronavírus em todos os estados e no Distrito Federal” e que a”a portaria ignora o princípio da autonomia universitária, previsto na Constituição Federal”. O Conif, conselho que representa dos dirigentes dos institutos federais de ensino, afirmou em nota que a portaria foi publicada “sem nenhuma espécie de diálogo com as Instituições Federais de ensino, especialmente em meio a um novo crescimento dos casos da doença no Brasil” e classificou como um ato “arbitrário”, que desrespeita a autonomia das universidades e institutos de ensino.
Em nota, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) disseram que a portaria é uma “atitude irresponsável, equivocada e que atenta contra a vida do povo brasileiro.”
Frente às manifestações de total repúdio pela decisão completamente arbitrária do governo de Jair Bolsonaro, através de seu Ministério da Educação.
O vice presidente do governo golpista, Hamilton Mourão declarou, em vídeo que circula pela mídia, que seria uma hipocrisia da parte de todos aqueles que se põem contra o retorno às aulas presenciais a partir de janeiro, pois, supostamente estariam frequentando bares e baladas.
“Isso é um assunto controverso, porque acho que até tem certa hipocrisia. As pessoa saem para a rua, vão para bares, restaurantes, mas não podem ir para aula”, disse o vice-presidente.
“A mesma turma que não quer voltar para aula, vai para balada, vai parar bar. Então, vamos ser coerente nas coisas”, são as palavras de Mourão.
Claramente não se trata de uma pessoa sensata e ponderada como foi apresentado pela imprensa capitalista, é um comentário estúpido e cínico. A “turma” que não deseja voltar as aulas é quase totalidade do corpo docente e estudantil, muitos dos quais repudiam inclusive a abertura do comércio, citando questões sanitárias. Verdade seja dita, Mourão não se importa nada com a hipocrisia ou não da situação. Sua preocupação é a mesma de todos os setores golpistas: reaquecer a economia colocando as pessoas nas ruas, uma das ferramentas fundamentais para isso as escolas e universidades são peças fundamentais. Mourão propõe trocar milhares de vidas por um percentual de crescimento do PIB.