A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA) será demandada pelo MST no próximo dia 09, para tratar sobre a reforma agrária no Brasil. Além da paralisação da reforma, que aprofundou-se após o golpe de 2016, será tratado também os despejos que foram realizados no período da pandemia. Um dos casos mais marcantes foi do despejo no Acampamento Quilombo Campo Grande em Campo do Meio, área da Usina Ariadnópolis em Minas Gerais. A audiência ocorrerá após questionamento feito pela comissão da ONU, após acolhimento do pedido de explicação feito pelo MST. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil tem o prazo de até 10 dias para apresentar a resposta. Participarão da audiência os dirigentes nacionais João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, e Ayala Ferreira, do Setor de Direitos Humanos. O despejo foi marcado pela tradicional violência com que age a polícia no campo. Hoje no Brasil, são mais de 90 mil famílias aguardando o seu direito a terra.
A ascensão de um governo de extrema direita a nível federal, e a eleição de um governo estadual alinhado com essa política, é o fundamento da violência do despejo. Esse tipo de governo patrocina e encobre a repressão da polícia. O aumento da repressão acontece não apenas no campo, mas também é visível na cidade, com aumento no número de mortes causadas pelas polícias, militar e civil.
Segundo nota emitida pelo MST, “Nossa expectativa é de que o Estado brasileiro, o governo e o judiciário nunca mais cometam despejos violentos como esse no Acampamento Quilombo Campo Grande. Esse conflito demonstra a necessidade da Reforma Agrária em nosso país. São 90 mil famílias acampadas pelo Brasil que precisam ter seu direito de acesso à terra garantido”. Algo que não será possível colocando todas as esperanças nos aparelhos burocráticos e institucional.
Diante desse cenário, não é possível falar em qualquer tipo de defesa dos trabalhadores do campo por meios institucionais. As instituições longe de proteger a população, diante de um governo de extrema direita e do golpe de estado, agem contra os trabalhadores. Só com a mobilização popular contra o governo de Bolsonaro e todos os golpistas, é possível garantir a segurança da população no campo e o avanço da reforma agrária. Já ficou demonstrado que se depender deste governo, o que haverá é exatamente o contrário: um retrocesso na distribuição das terras, gerando assim um aumento do latifúndio. Não apenas na figura do genocida Bolsonaro, mas a política de massacre da população no campo é pauta da direita mais tradicional, por isso, a mobilização deve partir dos próprio trabalhadores, sem qualquer aliança ou concessão com a direita e a burguesia.