Na madrugada desse último sábado, dia 28 de novembro, o artista independente NegoVila Madalena foi morto a tiros por um policial a paisana que estava embriagado ao apartar uma briga. O confronto que ocorreu em Pinheiros, bairro nobre da Zona Oeste, entre o policial e o amigo de NegoVIla resultou em dos disparos que atingiram o grafiteiro. A secretária de Segurança Pública do Estado, órgão que é responsável pelas ações da PM em SP, se pronunciou ao somente afirmar a prisão em flagrante do policial militar responsável pelo homicídio e que o caso será investigado pelo Inquérito da Polícia Militar e pelo décimo quarto departamento de polícia em Pinheiros.
No dia seguinte, artistas independente da Vila Madalena, também na Zona Oeste da capital, reuniram-se para modificar o Beco do Batman, um conjunto de vielas da região cujos muros servem de objeto de exposição para uma grande diversidade artística. A tinta preta cobriu as obras coloridas em tom de protesto pela morte do artista negro querido da comunidade. Posteriormente, mensagens de protesto contra a violência policial aos artistas e ao povo negro foram escritas nos muros. A ação mostra o descontentamento e a revolta da população e dos artistas com a polícia militar.
Não é a primeira vez que a polícia militar está envolvida na morte da população pobre e preta, pelo contrário, todos os dias observamos exemplos de violência policial que terminam em morte. Nesse sentido está também a repressão aos artistas independentes e à população. Toda essa violência que busca reprimir a expressão da população, seja em forma de arte nas ruas, seja através dos meios que a população pobre encontra para sobreviver. A posição da polícia militar é contra a arte, contra o povo, contra qualquer tipo de expressão genuína do povo e, por isso, deve ser combatida. A população deve ter o direito a sua livre expressão, assim como os artistas.
A iniciativa dos artistas de colocarem seu espaço de exposição nas ruas para fazer o protesto contra a morte de NegoVila e contra a violência policial deve ser entendida na situação atual do combate ao fascismo e à repressão e violência da direita contra a população, e portanto, deve ser vista com bons olhos e apoiada. A ação também mostra a tendência a reunião dos artistas independentes em grupos de oposição ao fascismo e à direita. Obviamente, outras ações como essa devem ser desenvolvidas pelos artistas para lutar pelo direito aos seus meios de sobrevivência, de livre expressão e produção artística. Para isso, é preciso reunir os artistas independentes em um grupo que possa lutar pela arte independente.