Uma das características mais marcantes da política neoliberalista é a sua afeição com a demagogia. Desde que esta doutrina surgiu, como tentativa de resgate do imperialismo em meio à sua total falência, é apresentada como uma forma de balancear o regime, garantindo direitos tanto para os empresários, quanto para os trabalhadores. Nesse sentido, tem sido impulsionada por uma ferrenha campanha da imprensa burguesa de que é a solução para as crises econômicas de todo o mundo. Entretanto, a realidade se mostra completamente diferente da história que os patrões contam, com indicadores de miséria crescendo num ritmo nunca antes visto.
Recentemente, a farsa do neoliberalismo também encontrou seu fundamento aqui no Brasil. Por mais que tivesse espaço dentro dos governos do PT, é desde o golpe de estado de 2016, com o impeachment da ex-presidente Dilma, que iniciou-se a liberalização generalizada da economia brasileira. Temer, que começou este processo, já foi responsável por nada mais, nada menos, que a própria reforma trabalhista, avacalhando completamente os direitos trabalhistas de boa parte da população. Agora, o governo golpista de Bolsonaro, em conjunto com o “tchutchuca” Paulo Guedes, intensificam essa política que, ainda mais em época de pandemia, já resultou em níveis de desemprego completamente inéditos.
Nesta última semana, o IBGE publicou os novos dados trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua). Segundo relatório, no terceiro trimestre de 2020 (julho-agosto-setembro), o Brasil já perdeu 790.000 postos de trabalho. Ademais, o número de desempregados no País chegou a impressionantes 14,6%, um aumento de 2,4 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2020.
Todavia, os valores que mais chamam atenção são aqueles relacionados à juventude. Entre os jovens na faixa de 18 a 24 anos, o índice de desemprego já é mais do que o dobro da média nacional: 31,4%. Logo, cerca de um terço da juventude trabalhadora está sem serviço. Vale ressaltar que, no primeiro trimestre deste ano, essa taxa era de 27,1%. Ou seja, houve um aumento de 4,3 pontos percentuais no mesmo ano. Além disso, na faixa etária de 14 a 17 anos, a taxa de desemprego para este trimestre foi maior ainda, alcançando 44,2%.
Os dados citados acima deixam claro qual é o objetivo de um governo do tipo de Bolsonaro: salvar os grandes capitalistas. Afinal de contas, um país que não se preocupa com sua juventude, que é o futuro deste, é, inevitavelmente, um país que não se preocupa com seu povo. Ainda mais no meio de uma das maiores crises do capitalismo, catalisada pelo novo coronavírus, é imprescindível que o governo tome um posicionamento claro a favor dos trabalhadores. Ao invés disso, Bolsonaro e Guedes escolheram os banqueiros, cedendo trilhões de reais aos bancos e, à população, um auxílio emergencial fútil.
O que deve ficar claro é que esse tipo de crise não é resultado, unicamente, da administração de Bolsonaro, como política que ele, pessoalmente, procura levar. É, na realidade, consequência clara do regime que a burguesia procura instaurar em todos os quatro cantos do Brasil e do mundo. Por conseguinte, a única saída viável para a presente crise é a mobilização popular. As vias parlamentares já se mostraram há muito inconsequentes, controladas por inteiro pelo próprio imperialismo e sua representação nacional.
A juventude tem o dever de ser vanguarda dentro do processo de derrota do golpe de estado e ir às ruas pelo Fora Bolsonaro, fora todos os golpistas, e fora imperialismo. Ademais, é preciso entender que a única saída para impedir o aprofundamento do processo golpista é por meio da unificação de toda a esquerda e de toda a classe operária em torno da candidatura de Lula. Caso contrário, seremos bombardeados por notícias como esta diariamente, representando uma verdadeira falência da economia brasileira, e o agravamento da miséria de milhões de brasileiros.